O Hamas anunciou nessa sexta-feira (3) que aceitou parte da proposta apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra em Gaza. A resposta do grupo, porém, indica que ainda há pontos de divergência que exigirão novas rodadas de negociação antes de um possível acordo definitivo.
A proposta norte-americana, composta por 20 pontos, define as condições para o fim do conflito iniciado há quase dois anos entre Israel e o Hamas. Trump estabeleceu prazo até este domingo (5) para que o grupo apresentasse uma resposta e, em mensagem publicada em sua rede Truth Social, ameaçou uma ofensiva militar sem precedentes caso não houvesse acordo.
“Teremos paz no Oriente Médio de uma forma ou de outra. A violência e o derramamento de sangue cessarão. Libertem os reféns, todos eles – incluindo os corpos daqueles que estão mortos –, agora! Um acordo deve ser firmado com o Hamas até domingo à noite. Todos os países assinaram. Se este acordo, uma última chance, não for firmado, um inferno como ninguém jamais viu antes se abaterá sobre o Hamas”, escreveu Trump.
Pontos aceitos pelo Hamas
Na resposta enviada, o grupo afirmou estar disposto a libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, conforme proposto pelos Estados Unidos. O Hamas também declarou estar pronto para iniciar negociações mediadas a fim de definir os detalhes da troca.
Outro ponto aceito foi a entrega da administração da Faixa de Gaza a um órgão independente formado por tecnocratas palestinos, “com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico”. O grupo ressaltou ainda que valoriza os esforços de países árabes e islâmicos, além do presidente Trump, para encerrar a guerra.
“Quanto às demais questões apresentadas na proposta do presidente Trump que dizem respeito ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos legítimos do povo palestino, isso está vinculado a uma posição nacional unificada e fundamentada nas leis e resoluções internacionais pertinentes, a ser discutida em um quadro nacional palestino amplo, do qual o Hamas fará parte e contribuirá com plena responsabilidade”, diz o texto.
Pontos de impasse
Alguns aspectos centrais do plano de Trump ainda não têm consenso e precisarão ser discutidos em novas negociações. O principal deles é o desarmamento do Hamas. Embora a proposta norte-americana inclua essa exigência como parte essencial do acordo, o grupo não mencionou o tema em sua resposta oficial, demonstrando resistência em abrir mão de suas armas.
Para Israel e os Estados Unidos, essa etapa é considerada indispensável para garantir a segurança e a estabilidade no período pós-guerra.
Outro ponto de impasse diz respeito à administração de Gaza. Trump sugeriu a criação de um órgão internacional de transição, chamado “Conselho da Paz”, sob supervisão dos EUA e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. O Hamas, no entanto, rejeitou a ideia e defendeu que a gestão do território seja entregue a palestinos independentes, por meio de um governo de tecnocratas com apoio árabe e islâmico.
A divergência evidencia um ponto sensível: quem terá o controle político e administrativo da Faixa de Gaza após o conflito.
Além disso, o grupo destacou que o futuro de Gaza não pode ser tratado de forma isolada. Em sua resposta, afirmou que qualquer decisão deve considerar os direitos do povo palestino e ser debatida em consenso nacional, com base em resoluções internacionais.
Com informações do Metrópoles