Uma nova estratégia surge para impedir a repetição da aliança feita em 2008 em torno do prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB). PMDB e o PT da capital se unem ao senador Clésio Andrade para tentar criar uma alternativa forte à reeleição de Lacerda. O nome escolhido pelo grupo para entrar na disputa terá que conseguir a bênção da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de conseguir eliminar as divergências internas petistas e peemedebistas. No momento, o ex-senador e ex-ministro Hélio Costa/PMDB é apontado como o nome mais viável para cumprir a missão.
Derrotado em 2010 na disputa pelo governo do Estado e sem cargos no governo Dilma Rousseff, o cacique do PMDB já teria admitido a hipótese da candidatura, ?desde que seja para ajudar a base da presidente Dilma Rousseff?. A costura envolveria Clésio Andrade, que já anunciou sua saída do PR para se filiar ao PMDB. Nessa quinta, Hélio Costa ofereceu um jantar em sua casa para dar boas vindas ao futuro correligionário. O evento reuniu a cúpula do PMDB. ?O jantar é uma reunião de amigos na casa do Hélio. Agora, sobre a sucessão, se ele quiser ser candidato, terá o meu apoio?, disse Clésio.
Segundo um fonte ligada ao PT de Belo Horizonte que não quis se identificar, ?os dois estão escalados para ajudar?. ?O Clésio vai mesmo para o PMDB, e o Hélio Costa está pronto para o que for preciso?.
Informações de bastidores dão conta de que a estratégia do grupo é tentar atrair a ala petista que apoia a reeleição de Lacerda e é comandada pelo ministro de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Caso seja obtida a unidade, PT e PMDB estariam juntos também em 2014, quando Pimentel deverá ser candidato ao governo de Minas e Clésio tentará permanecer com a vaga do Senado.
Nos bastidores, Roberto Carvalho já teria conversado com Clésio e Hélio. O próximo passo deve ser uma conversa com Pimentel, que viaja neste fim de semana para o exterior e só retorna na sexta-feira. Segundo o presidente do PMDB de Minas, deputado Antônio Andrade, a filiação de Clésio será em janeiro. ?O Clésio, com o Jaime Martins, foi um dissidente do PR que apoiou a candidatura de Hélio ao governo em 2010. Desde então, estamos conversando muito sobre a chegada dele ao PMDB?.
PSDB espera com Lacerda por definição
Enquanto parte do PT articula abandonar Marcio Lacerda (PSB) e partir para a candidatura própria, o PSDB assiste de camarote e, segundo informações de bastidores, até torce para dar certo.
Na avaliação de tucanos ligados ao senador Aécio Neves, com a saída do PT da aliança, o caminho estaria liberado para o PSDB indicar o vice na chapa de Lacerda.
Ainda segundo a avaliação tucana, mesmo aliado ao PMDB, o PT não representaria um adversário capaz de tirar a prefeitura das mãos do ?candidato do Aécio?. O PSDB participou da aliança de 2008 de maneira informal, mas agora, embora não exija a indicação de vice, quer fazer parte do registro da coligação.
Alianças de 2008 e 2010 complicam o quadro atual
A dificuldade em formar, hoje, uma chapa que atenda à orientação do Planalto de unir os partidos da base da presidente Dilma Rousseff tem sua origem na aliança feita em 2008 para eleger Marcio Lacerda (PSB) prefeito.
Na época, uma ala do PT, capitaneada pelo então prefeito e hoje ministro Fernando Pimentel, se uniu ao PSDB do então governador Aécio Neves em torno do nome do socialista. A aliança provocou um racha entre os petistas mineiros e obrigou Pimentel a um árduo trabalho para a convencer a executiva nacional petista de que aquele era o melhor caminho. Lacerda teve o apoio do PT, que cedeu o vice, Roberto Carvalho, e venceu a eleição no segundo turno, derrotando o candidato do PMDB, deputado Leonardo Quintão.
Em 2010, PT e PMDB se uniram e perderam as eleições para o governo do Estado e o Senado. Hélio Costa e Fernando Pimentel pleiteavam a condição de candidato ao governo, mas depois da interferência direta de Lula, Hélio foi escolhido candidato e Pimentel partiu para a disputa ao Senado. Eles fizeram campanhas separadas e não conseguiram disfarçar o mal-estar.
Agora, o senador Clésio Andrade, que está de malas prontas para o PMDB, pode ser a ponte de ligação entre Pimentel e Hélio Costa. Em 2006, Clésio foi eleito suplente de Eliseu Resende (DEM), que faleceu no ano passado. A chapa era apoiada por Aécio Neves (PSDB).
Votos
Em 2010, Hélio Costa teve 300.375 votos para governador em Belo Horizonte, o que corresponde a 22,65% do total. Já o governador eleito, Antonio Anastasia, teve 947.036 votos, ou 71,4% do total.

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