Carolina Arruda, de 28 anos, moradora de Bambuí (MG), usou as redes sociais no último domingo (24) para anunciar que o tratamento por sedação profunda, realizado para aliviar a neuralgia do trigêmeo — conhecida como “a pior dor do mundo” — não trouxe os resultados esperados. A jovem convive com a condição há mais de dez anos.

Foi a primeira manifestação pública de Carolina desde que recebeu alta médica, na quinta-feira (21), após o procedimento realizado na Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas, no dia 14 de agosto. Ela ficou sedada por cinco dias e precisou de ventilação mecânica, conforme o protocolo estabelecido.

Em seu desabafo, Carolina revelou o impacto físico e emocional da frustração com o tratamento:
“Depois das cirurgias, dos procedimentos que não deram certo, porque a dor continua a mesma coisa, eu dei uma sumida das redes sociais e vou continuar sumida por mais alguns dias porque não estou bem. Estou esgotada fisicamente e mentalmente”, declarou.

A sedação profunda foi realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e supervisionada pelo médico Carlos Marcelo de Barros. O objetivo era tentar reverter a resistência do cérebro aos medicamentos utilizados há mais de uma década.
“A ideia é que nesses dias eu fique sem os meus medicamentos, sem o medicamento da bomba, para tentar livrar os receptores de dor, esses receptores do medicamento, que não estão respondendo mais. É como se fosse reiniciar o cérebro para ver se ele volta a responder, porque há 12 anos eu tomo esses medicamentos contínuos e não tenho nenhuma resposta”, explicou Carolina, em entrevista anterior ao g1.

Além da tentativa de reiniciar o sistema de resposta do cérebro, o procedimento também foi uma forma de descanso para o corpo e a mente. “Nesses últimos dias eu já tô quase há 70 horas acordada. Eu não consigo dormir, mesmo tomando diversos medicamentos. Eu tomo mais de 12 remédios só para dormir e não consigo, porque a dor me acorda. O corpo não descansa, o cérebro não descansa e acaba produzindo muito hormônio neuroestimulante, que piora a dor”, relatou.

Segundo o médico Carlos Marcelo, não há novas intervenções previstas no momento. A equipe médica seguirá com os tratamentos já em curso, focando no controle da dor e na melhora da qualidade de vida da paciente. Ele também destacou que, embora os medicamentos utilizados não sejam experimentais, as dosagens e formas de administração ainda estão sendo testadas. “Apesar de não ser experimental porque os medicamentos já são usados em todo o mundo, as dosagens e a maneira de infusão estão sendo testadas em novas possibilidades”, afirmou.

A neuralgia do trigêmeo, também chamada de “doença do suicídio”, é uma condição neurológica rara e extremamente dolorosa que afeta menos de 0,3% da população mundial. O caso de Carolina é ainda mais incomum, já que ela apresenta dor contínua em ambos os lados do rosto. Sem resposta ao último procedimento, ela segue em busca de alívio e qualidade de vida, enquanto compartilha com coragem os desafios de conviver com uma das dores mais intensas conhecidas pela medicina.

Com informações do G1

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