Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, anunciou nessa segunda-feira (12) que vai implantar uma bomba para levar medicamentos direto ao sistema nervoso. No fim de julho, a jovem implantou eletrodos na base do crânio e na medula para bloquear a transmissão nervosa da “pior dor do mundo”.

A decisão foi tomada duas semanas após a cirurgia do primeiro implante. De acordo com o médico responsável, Carlos Marcelo de Barros, a bomba de analgésicos será um complemento aos neuroestimuladores já implantados.

“Não é uma terapia no lugar da outra, são terapias concomitantes para tentar controlar o caso. Era previsto que uma terapia só não fosse resolver. A neuroestimulação melhorou a dor persistente que ela tem, mas não melhorou as crises. O implante da bomba agora vem mais focado no controle das crises”, explicou ao portal g1.

O implante da “bomba de infusão intratecal de fármacos” é a segunda alternativa do tratamento realizado na Santa Casa de Alfenas. A opção estava prevista caso os neuroestimuladores não proporcionassem alívio suficiente para melhorar a qualidade de vida da paciente.

Carolina Arruda conta que depois de implantar os eletrodos chegou a sentir melhoras na dor basal – aquela dor permanente que oscila durante o dia. Porém, mesmo com os dispositivos, ela segue enfrentando crises da “pior dor do mundo” e agora o lado direito do rosto voltou a ser afetado.

“Fazia um ano que eu não sentia dor do lado direito, porque eu tinha feito uma cirurgia que tinha deixado uma sequela de uma paralisia. E a dor começou a voltar ontem [domingo], então a gente decidiu colocar a bomba de morfina porque os eletrodos, apesar de terem controlado a dor basal, não foram suficientes e eu sigo com dor”, explicou a jovem.

Segundo o médico responsável, a cirurgia para implante da bomba de medicamentos está prevista para o próximo sábado (17).

O que é a bomba de medicamentos?

Conforme o documento divulgado pelo hospital, um dispositivo será implantado no abdômen da paciente e, por meio de um cateter, os medicamentos analgésicos serão direcionados ao sistema nervoso central.

“Os sistemas de administração específica de fármacos presentes na bomba intratecal aplicam drogas em torno da medula espinhal, em uma área chamada espaço intratecal. O sistema inclui uma bomba de fármaco que está ligada através de um cateter fino, flexível. Tanto a bomba quanto o cateter devem ser completamente implantados sob a pele. Uma vez que a bomba libera os medicamentos nos receptores da dor diretamente próximos da coluna vertebral, ao invés de viajar através do sistema circulatório, podem aliviar a dor com uma pequena fração em comparação com doses de medicamentos orais”, explicou Carlos Marcelo de Barros.

“A bomba tem uma vantagem que, além de infundir o medicamento direto onde a dor é transmitida, ela ainda pode fazer bolus. Por exemplo, a Carolina ganha um controle e toda vez que ela tem crise, ela pode fazer um bolus, como se ela tomasse uma dose extra de remédio”, afirmou o médico.

A infusão de medicamentos em bolus, também conhecida como a “dose de resgate”, é a administração da medicação com objetivo de aumentar rapidamente a concentração no sangue para um nível eficaz.

De acordo com Carolina Arruda, esta será a primeira vez que ela tentará o implante de uma bomba como essa. A princípio, os medicamentos a serem bombeados são a morfina e a bupivacaína – um tipo de anestésico local.

“São medicamentos analgésicos que podem variar de caso a caso. Eles podem, durante o processo de tratamento, mesmo ao longo dos anos, serem alterados”, completou o profissional.

O tratamento prevê outras duas alternativas caso o implante não proporcione alívio suficiente da dor. Entre elas estão a nova abordagem cirúrgica de descompressão vascular do nervo trigêmeo e a neurocirurgia de nucleotractomia trigeminal.

Fonte: G1 Sul de Minas

 

 

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