Ninguém se interessou pela licitação do Terminal 3 do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins). A obra é um puxadinho que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) precisa construir para dar conta de receber os 14 milhões de passageiros previstos para 2014, ano da Copa do Mundo.
Essa foi a terceira vez que a estatal tentou licitar o empreendimento, sempre sem sucesso. Sem ele, o aeroporto não comportará a demanda prevista para o mundial. Hoje, a capacidade anual de Confins é de 10,3 milhões de passageiros, ou seja, seria necessário aumentar em no mínimo 3,7 milhões. A reforma do Terminal 1, em andamento, só garante mais 1,4 milhão. O puxadinho aumentaria em mais 3,9 milhões.
A ideia inicial da Infraero era construir um terminal remoto, que ficaria definitivamente em Confins, comportando mais 5,5 milhões de passageiros por ano. A meta era entregar em dezembro deste ano, a tempo da Copa. Depois que o governo federal anunciou a concessão de Confins, a estatal resolveu deixar a solução definitiva para a iniciativa privada.
No ano passado, a Infraero tentou licitar a obra por duas vezes, por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), no qual o preço não é aberto aos interessados antes da licitação. O custo considerado saudável pelo mercado era de R$ 73 milhões. Mas o preço que a Infraero queria pagar era R$ 47,5 milhões. Nenhuma empresa aceitou baixar.
Ontem, a Infraero realizou a terceira tentativa. Sete empresas chegaram a se cadastrar, mas nenhuma compareceu e a licitação foi decretada deserta.
Na avaliação do professor de Direito Administrativo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luciano Ferraz, a estatal está cometendo um erro de avaliação nos preços. As construtoras estão inseguras, pois há uma divergência entre o valor de mercado e o que a estatal quer pagar. As outras duas licitações que fracassaram geraram um temor nas empresas. Elas não querem pegar uma obra para ter prejuízo, diz.
Segundo ele, a Infraero tem dois caminhos.Ou arruma uma solução paliativa só para o evento ou faz em regime emergencial.
A Infraero garantiu, via assessoria de imprensa, que o terminal será feito, embora menor. Uma mudança no regime de licitação não foi descartada. A estatal disse que vai procurar as empresas que se cadastraram para entender porque elas desistiram. Anunciou ainda que, em no máximo sete dias, os novos passos desse processo serão definidos.

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