O primeiro trimestre deste ano nem acabou e já traz uma preocupante estatística. De janeiro a março, Minas registrou mais de 66 mil casos de dengue – 56% maior do que todas as notificações em 2018 no território, quando foram pouco mais de 29 mil.
De 17 de fevereiro até o último dia 16, 93 municípios mineiros apresentaram alta ou muito alta de incidência de casos, informou a Secretaria de Saúde (SES). Até agora, seis mortes pela doença foram confirmadas nas cidades de Arcos, Betim, Passos, Uberlândia e Unaí (dois) e outras 27 são investigadas.
Na região Centro-Oeste de Minas, foi registrado um aumento de 487 casos prováveis de dengue em uma semana.
Arcos continua como a cidade na região com mais casos prováveis, 2.051. No último levantamento, o município aparecia com 1.937 notificações, foram 114 novos casos registrados. Uma morte pela doença também foi confirmada pela SES-MG.
A taxa de incidência na cidade também aumentou para 5151,84 no número de casos suspeitos da doença – índice considerado muito alto pelo Ministério da Saúde.
A taxa de incidência da doença considera não apenas o número absoluto de casos prováveis (entre suspeitos e sob investigação), mas também a proporcionalidade dos casos em relação ao tamanho da população de um determinado município.
Outras cidades
Em Formiga, a taxa de incidência é considerada média. O município teve 148 casos prováveis de dengue neste ano, oito casos que o último boletim, divulgado no dia 18 deste mês.
Além de Arcos, São Gonçalo do Pará, Candeias, Iguatama, Itatiaiuçu, Lagoa da Prata, Martinho Campos, Pains e Pimenta também parecem com uma taxa de incidência considerada muito alta no período analisado.
Já Divinópolis, sede da Superintendência Regional de Saúde (SRS) também continua com a taxa de incidência considerada média. O município teve 275 casos prováveis da doença no ano, 39 a mais que o último boletim divulgado.
Confira no quadro abaixo os casos prováveis e as taxas de incidências das cidades da região:
Casos prováveis de dengue no Centro-Oeste de Minas
Municípios | Casos suspeitos de dengue | População (est. 2017) | Incidência | Situação |
Aguanil | 0 | 4.440 | 0,00 | Silencioso |
Araújos | 15 | 8.996 | 166,74 | Média |
Arcos | 2.051 | 39.811 | 5151,84 | Muito Alta |
Bambuí | 39 | 24.018 | 162,38 | Média |
Bom Despacho | 2 | 50.042 | 4,00 | Baixa |
Camacho | 1 | 3.604 | 32,62 | Baixa |
Cana Verde | 1 | 5.735 | 17,44 | Baixa |
Candeias | 76 | 15.147 | 501,75 | Muito Alta |
Carmo da Mata | 1 | 115.59 | 8,65 | Baixa |
Carmo do Cajuru | 21 | 22.136 | 94,87 | Baixa |
Carmópolis de Minas | 41 | 18.995 | 215,85 | Média |
Cláudio | 17 | 28.287 | 60,10 | Baixa |
Conceição do Pará | 5 | 5.515 | 90,66 | Baixa |
Córrego Danta | 2 | 3.359 | 59,54 | Baixa |
Córrego Fundo | 7 | 6.295 | 111,20 | Média |
Cristais | 4 | 12.564 | 31,84 | Baixa |
Divinópolis | 275 | 234.937 | 117,05 | Média |
Dores do Indaiá | 3 | 13.923 | 21,55 | Baixa |
Estrela do Indaiá | 5 | 3.590 | 139,28 | Média |
Formiga | 148 | 68.423 | 216,30 | Média |
Igaratinga | 11 | 10.547 | 104,30 | Média |
Iguatama | 131 | 8.172 | 1603,03 | Muito Alta |
Itaguara | 52 | 13.329 | 390,13 | Alta |
Itapecerica | 4 | 22.158 | 18,05 | Baixa |
Itatiaiuçu | 67 | 10.979 | 610,26 | Muito Alta |
Itaúna | 15 | 92.696 | 16,18 | Baixa |
Japaraíba | 15 | 4.308 | 348,19 | Alta |
Lagoa da Prata | 579 | 51.204 | 1130,77 | Muito Alta |
Leandro Ferreira | 5 | 3.300 | 151,52 | Média |
Luz | 88 | 18.400 | 478,26 | Alta |
Martinho Campos | 357 | 13.436 | 2657,04 | Muito Alta |
Medeiros | 2 | 3.765 | 53,12 | Baixa |
Moema | 2 | 7.525 | 26,58 | Baixa |
Nova Serrana | 225 | 94.681 | 237,64 | Média |
Oliveira | 7 | 41.907 | 16,70 | Baixa |
Onça de Pitangui | 2 | 3.192 | 62,66 | Baixa |
Pains | 68 | 8.391 | 810,39 | Muito Alta |
Pará de Minas | 223 | 92.739 | 240,46 | Média |
Passa Tempo | 3 | 8.324 | 36,04 | Baixa |
Pedra do Indaiá | 5 | 4.034 | 123,95 | Média |
Perdigão | 11 | 10.846 | 101,42 | Média |
Pimenta | 84 | 8.720 | 963,30 | Muito Alta |
Piracema | 5 | 6.566 | 76,15 | Baixa |
Pitangui | 36 | 27.706 | 129,94 | Média |
Santana do Jacaré | 0 | 4.861 | 0,00 | Silencioso |
Santo Antônio do Amparo | 22 | 18.553 | 118,58 | Média |
Santo Antônio do Monte | 13 | 28.115 | 46,24 | Baixa |
São Francisco de Paula | 2 | 6.673 | 29,97 | Baixa |
São Gonçalo do Pará | 235 | 11.985 | 1960,78 | Muito Alta |
São José da Varginha | 9 | 4.834 | 186,18 | Média |
São Sebastião do Oeste | 5 | 6.589 | 75,88 | Baixa |
Serra da Saudade | 0 | 812 | 0,00 | Silencioso |
Tapiraí | 0 | 1.921 | 0,00 | Silencioso |
Fonte: SES-MG
Ciclos
O Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano diz que já era esperada a explosão de casos em 2019. Segundo ele, é comum as epidemias de dengue terem ciclos a cada três anos. A última foi em 2016.
“Vários fatores explicam. Existe a mudança do vírus em circulação. As pessoas ficam imunes durante um tempo para um tipo, mas depois aparece outro. Também tem a ver com as mudanças populacionais nos grandes centros e a circulação de pessoas”, detalha o especialista.
O médico diz, ainda, que a população tende a relaxar no controle dos focos de criação do Aedes em época de controle da enfermidade.
Rodrigo Said, coordenador do Programa de Dengue do Ministério da Saúde, destacou que, neste ano, voltou a circular no país o sorotipo 2 da dengue, que há muito tempo não era registrado – o último surto foi em 2002.
O gestor afirma que equipes da pasta acompanham Brumadinho, atingido pelo rompimento da barragem em 25 de janeiro. Existe a preocupação de que, com o impacto ambiental provocado pela tragédia, haja um expressivo aumento de vetores.
Combate
Em nota, a Secretaria de Saúde de Minas afirma que a combinação de tempo quente e chuvoso favorável à proliferação do mosquito são os causadores do aumento de casos, que também já era previsto. “Até o momento, 2019 segue a tendência de anos epidêmicos, no entanto, com menor intensidade que as duas últimas epidemias”.
Fonte: G1 e Hoje em Dia ||