Da Redação

Sob os gritos de “vergonha, vergonha”, entoados pelos membros do movimento “Todos por Formiga”, na reunião do Legislativo, nessa segunda-feira (10), os vereadores aprovaram o projeto de resolução 002/2017, alterando a redação de dispositivo da Resolução nº 299/2007 do Regimento Interno da Câmara, visando alterar de 14h para as 19h o horário das reuniões ordinárias.

Seis vereadores foram favoráveis ao projeto: Mauro César, Flávio Couto, Sidney Ferreira, Evandro Donizeth (Piruca), Flávio Martins e Sandromar Vieira (Sandrinho da Looping).

Membros do movimento ficaram de costas para os vereadores (foto: Gleiton Arantes)

Apenas Joice Alvarenga e Cabo Cunha foram contra a proposta, Marcelo Fernandes não participou da reunião e a presidente da Casa, Wilse Marques,por força do Regimento,não vota.

O que diz o Movimento:

Membros do movimento“Todos por Formiga”, entoando palavras de ordem e ao final, o Hino de Formiga, demonstravam seu descontentamento e reclamavam que a presidente Wilse Marques, mais uma vez, teria mudado de lado. “Ela traiu o compromisso que assumiuconosco, quando no início desta legislatura nos propôs um armistício, depois do vergonhoso episódio que culminou com o registro de Boletim de Ocorrência contra alguns membrosdeste grupo. Foi ela quem nos convidou para uma reunião no seu gabinete quando reivindicávamos a aprovação da “Diária Zero”. Aliás, o projeto, infelizmente, foi arquivado com a anuência dela mesma. Isto porque,como presidente,ela acolheu sem questionar, um parecer jurídico de sua procuradora.Agora, estranhamente, mudou de opinião e não quis se valer de outro parecer, no mesmo sentido daquele emitido pela mesma procuradora. Lá, ela [a procuradora], informaque a tal comissão de três elementos,nomeada pela própria Wilse e da qual fazia parte, era legalmente instituída e como tal, tinha os mesmos poderes e obrigações das comissões permanentes. Portanto, se não arquivou aquela aberração de projeto e ainda o colocou em votação, foi favorável à sua aprovação.E todo mundo sabe, inclusive ela, que assim agindo, foi contra os interesses do povo”, comentou um dos membros.

Relembrando:

O projeto de resolução em pauta foi assinado por sete vereadores: Mauro César,Sandrinho da Looping, Sidney Ferreira, Flávio Couto, Marcelo Fernandes, Flávio Martins e Piruca, e de acordo com parecer jurídico emitido no dia 19 de junho, isto os impediria de atuarem, ainda que como membros das comissões permanentes da Casa edecidirem sobre a questão referente à admissibilidade ou não do tal projeto de resolução.

Já na sexta-feira passada (7), a procuradora da Câmara, MíriamTagliaferri Menezes emitiuoutro parecer jurídico (o de número 027/2017) indicando caminho inverso ao contido no primeiro parecer. De posse deste, a presidente da Câmara decidiu e submeteu o projeto de resolução à apreciação de todos os vereadores, na reunião dessa segunda-feira, o que como parecia óbvio, resultou na aprovação da fixação do novo horário das reuniões ordinárias.

Os membros do movimento, presentes no plenário, com cartazes e se valendo de outras formas de manifestação, comuns de ocorrerem na Câmara nesta legislatura, tentavam obter dosvereadores a não aprovação do projeto.

Joice Alvarenga e Cabo Cunha, que compuseram juntamente com Wilsea tal comissão especial instituída para analisar o projeto, em suas falas tentaram convencer os demais colegas de que o melhor seria manter o horário de 14h, como sendo o que melhor atende aos anseios da população.

Em sua fala, Joice destacou que o projeto assinado pelos sete vereadores era sim, o que em determinado momento parecia atender as vozes populares, pois vinha de encontro ao que solicitava o movimento. “O movimento Todos por Formiga” apresentou à Comissão de Participação Popular um requerimento solicitando a alteração do horário para as 17h30 ou às 19h. O intuito de apresentar o projeto foi nobre, mas sabemos que nada é melhor do que se observar a realidade concreta. E essa experiência em números, com participação no plenário, mostrou o contrário. Eu mesmo defendi a mudança de horário, mas hoje…”

Joice discorda e critica o parecer jurídico

 O segundo não é um parecer jurídico, mas sim, político”.

A vereadora disse ainda, que a realidade mostrou que todos estavam errados, pois a audiência na internet caiu durante o período de experiência. “Eu fundamentei o parecer da comissão especial com dados na brilhante matéria do portal Últimas Notícias, que foi baseada em dados concretos. As reuniões começam com boa presença, passada duas horas essa presença vai caindo. A última reunião terminou com três pessoas no plenário. Foi comprovado que não tem ‘publicitação’ das reuniões nos horários das 17h30 e 19h. 

 

(Foto: Arquivo/Últimas Notícias)

As pessoas que moram nas comunidades rurais ficarão impedidas de acompanhar as reuniões e as aprovações dos projetos, pois a transmissão via rádio não poderá ser feita às 19h. Eu discordo do parecer jurídico da Casa, pois nele não se levou em consideração o princípio constitucional da publicidade e sobretudo, acho que houve uma confusão de pareceres de uma mesma pessoa. O segundo não é um parecer jurídico,mas sim, político”, argumentou Joice sob aplausos.

(Foto: Arquivo/Últimas Notícias)

Opinião de Cabo Cunha

Na opinião do vereador, o projeto nem poderia ter decido ao plenário.“A decisão de Wilce foi arbitrária”.

“A Comissão Especial é composta por nós três da Mesa e nós analisamos o Regimento Interno. Mas qual é a norma? Se convêm hoje, não se observa o Regimento, quando não se convêm, desce o projeto dessa forma. O parecer da assessora jurídica destaca que a Comissão Especial suprirá o parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, bem como os demais das comissões permanentes. E lá no final fala ‘é meu parecer’.

A presidente não comunicou aos outros membros da comissão e isso é uma decisão arbitrária e eu não comungo dela. Temos de ouvir é o município e o parecer da assessoria jurídica é analítico. Em um momento, a assessoria fala uma coisa e em outro momento fala outra. Continuo dizendo, não ouve consulta aos demais membros que a presidente nomeou”.

Em resposta a Cabo Cunha, ainda durante a reunião, Wilse Marques disse que a proposta dela, na Casa, sempre foi democrática

 “Eu concordei com esse parecer e eu procuro fazer o melhor para a cidade. A questão de opinião cada um tem uma. Eu acredito que o respeito da população eu tenho. Quanto às transmissões via rádio serem transmitidas ao vivo ou depois, isso tanto faz. Eu não voto e não procurei influenciar nenhum vereador”.

(Foto: Arquivo/Últimas Notícias)

(Foto: Arquivo/Últimas Notícias)

Sandrinho da Looping saiu em defesa do horário às 19h

“Respeito a todos, mas nem sempre vamos ter o mesmo pensamento. Quando entramos com esse projeto, muitas pessoas que trabalham à tarde me parabenizaram pela escolha do horário noturno, pois teriam a possibilidade de virem à Câmara. Eu penso no trabalhador em geral. A gente não está falando que vai ser eternamente e foi um espaço muito curto de tempo. Eu fui signatário desse projeto, mas não poderia chegar aqui hoje e retirá-lo”, finalizou.

Após a aprovação do projeto, membros do movimento abandonaram a reunião e na porta da Câmara entoaram o Hino à Formiga.

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