O gigantesco meteoro que atingiu a Terra no fim do período Cretáceo, há 66 milhões de anos, causou grande destruição: gerou tsunamis, incêndios e levantou uma coluna de poeira que obstruiu a atsmofera do planeta.

Um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Yale, em parceria com outras instituições, mostra que ele também teve um efeito nos oceanos que era desconhecido até agora: provocou a rápida acidificação das águas, causando um colapso ecológico com efeitos duradouros para o clima e a vida na terra.

Muito já se sabia sobre o impacto, incluindo o local de colisão, a gigantesca cratera de Chicxulub, no México.

Cratera de Chicxulub (Foto: Wikipédia/Reprodução)

Sabe-se que ele foi um dos fatores que contribuíram para a extinção em massa de milhões de espécies de plantas e animais terrestres, incluindo os dissonauros. Mas, até então, os efeitos do impacto nos oceanos do planeta não eram muito claros.

Novos dados coletados e modelos feitos pelos pesquisadores mostram que a poeira criada pelo meteoro (conhecido como Chicxulub, como a cratera), rica em enxofre, gerou chuvas ácidas que caíram nos oceanos e deixaram as águas ácidas, gerando uma destruição para a vida marinha tão grande quanto a destruição para a vida em terra firme.

Os cientistas fizeram a descoberta analisando fosséis de foraminíferos, minúsculos plânctons com conchas cujos fósseis são extremamente abundantes. Esses fósseis contêm isótopos de boro, um elemento químico que ajuda os cientistas a entender o quão ácido era o mar quando o animal foi fossilizado.

Com os dados coletados, os pesquisadores conseguiram documentar que houve uma rápida queda no pH das águas mais superficiais do oceano logo após o impacto do Chicxulub.

Isso causou a extinção de organismos na base da cadeia alimentar oceânica — quase 50% deles morreram — gerando dificuldades para animais maiores se alimentarem e criando um efeito catastrófico em cadeia.

A pesquisa aponta que o pH voltou a subir depois, e o número de organismo se recuperou em um período relativamente curto em termos geológicos — dezenas de milhares de anos — mas houve efeitos nos mares profundos que duraram bem mais.

Extinção em massa

A nova pesquisa também reforça o modelo que considera o impacto do meteoro como o fator central da extinção em massa que eliminou milhões de espécies — incluindo os dinossauros — da Terra no fim do período Cretáceo.

No meio científico ainda havia muito debate sobre se o impacto foi o principal fator para a extinção em massa, porque no mesmo período também houve um aumento intenso da atividade vulcânica, que poderia ter causado a extinção nos ambientes marinhos.

“Nossos dados indicam que o impacto, não a atividade vulcânica, foi o fator chave que levou à extinção em massa no período Cretáceo”, escrevem os cientistas na pesquisa, publicada nesta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Isso porque os dados apontam que a mudança no pH aconteceu abruptamente, logo após o impacto do Chicxulub.

Relevância atual

Embora a acidificação tenha acontecido há 66 milhões de anos, o estudo das mudanças do oceano nesse período é muito relevante para o momento atual do planeta.

Também estamos vivendo hoje uma acidificação dos oceanos, mas gerada pela ação humana, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Uma das marcas desse desequilíbrio no Cretáceo, por exemplo, foi a extinção de organismos conhecidos como calcificantes (que usam carbonato e íons de cálcio dissolvido na água para construir suas conchas e ossos). O fenômeno também se observa hoje, com o desaparecimento de corais em diversas regiões do planeta devido às mudanças climáticas.

 

Fonte: BBC News ||
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