O Ministério da Saúde determinou a substituição de canetas de insulina reutilizáveis distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que apresentarem falhas. Até o momento, 50 mil unidades do dispositivo, essencial para o tratamento de pessoas com diabetes tipo 1, já foram trocadas. A medida ocorre após diversos relatos de quebras e mau funcionamento do equipamento fornecido pela empresa GlobalX.
As queixas começaram a chegar pelas secretarias estaduais de Saúde e se intensificaram nas redes sociais do próprio ministério, principalmente por parte de profissionais de saúde. Médicos, enfermeiros e usuários relataram que as canetas são frágeis, de difícil manuseio e suscetíveis a falhas mecânicas.
A farmacêutica Marcela Ramos, em comentário na publicação do Ministério da Saúde, afirmou: “A caneta é muito frágil e muitas já precisaram ser trocadas. Além do risco para pacientes que usam dois tipos de insulinas. Não acredito que houve alguma vantagem”.
Já a farmacêutica Letícia Andrade Teixeira alertou: “A maioria é idosa, com pouca instrução e mora sozinha. Esse público precisa de segurança e praticidade. Essa caneta tem representado mais risco do que benefício”.
Entre os principais problemas relatados estão falhas na aplicação da dose correta de insulina, rompimentos do dispositivo, dificuldade no encaixe do carpule e vazamentos. Técnicos também alertam para o risco de descompensação glicêmica em pacientes que podem não perceber que o dispositivo falhou.
Mesmo após a publicação de um vídeo instrutivo pela pasta para orientar os usuários sobre o uso correto da caneta, os comentários nas redes sociais seguiram criticando o produto, chamando-o de “horrível” e acusando sua fragilidade.
O modelo reutilizável começou a ser distribuído neste ano em substituição ao tipo descartável. Quase 3 milhões de unidades já foram entregues em todo o país, com previsão de alcançar 4,5 milhões até o fim do ano. As canetas devolvidas estão sendo analisadas para identificação das falhas e definição de medidas corretivas.
Em nota à Folha de S.Paulo, a GlobalX informou que apenas 1,5% das unidades apresentou defeito e que já doou mais 1,4 milhão de canetas ao SUS. A empresa também afirmou estar em diálogo com o Ministério da Saúde para promover melhorias no dispositivo. Entre as alterações avaliadas estão a transparência no suporte do carpule, mudança no sistema de trava por rosca e diferenciação visual entre as insulinas NPH e regular — uma demanda importante, já que usuários têm utilizado a caneta apenas para um dos tipos, a fim de evitar confusão na administração das doses.
Com informações do Metrópoles