Após o mais novo desafio de fumar cotonete popularizar no TikTok, pais, responsáveis e a comunidade médica alertaram para os perigos do consumo da fumaça gerada a partir da queima das chamadas hastes flexíveis. Segundo a pneumologista Michelle Andreata, ouvida por O TEMPO, há riscos tanto pela queima do algodão quanto pelo plástico.

“Para começar, a queima do algodão traz monóxido de carbono. Ele se liga às moléculas da hemoglobina de forma fixa. A hemoglobina que carrega o oxigênio. Como ela está impedida pela ligação do monóxido de carbono, a gente só tem a renovação (do oxigênio no sangue) quando a hemácia perde a vida útil. Claro que essas hemácias serão eliminadas mais cedo, mas há um prejuízo que é a perda da capacidade de oxigenação do sangue”, diz a especialista.

Segundo Michelle, um segundo prejuízo do monóxido de carbono do algodão está ligado ao sistema respiratório, o que pode ocasionar parada cardiorrespiratória. “Também traz uma consequência para o pulmão. O ‘cano’ pelo qual o ar chega ao pulmão vai ficar mais estreito. Como nosso sistema respiratório se assemelha a uma árvore, os troncos principais vão ficando cada vez mais estreitos. Então, a bronquiolite trazida pela queima do algodão também vai propiciar menor circulação do ar e uma menor saturação. Com a queda da saturação, você pode ter tontura, dor de cabeça e quadros mais intensos. A gente pode ter, por exemplo, uma parada cardiorrespiratória por falta de oxigenação, que pode trazer como consequência a diminuição da nossa consciência”, afirma.

Mas, os problemas não param por aí. Há, ainda, os riscos trazidos pela queima do plástico, material que compõe boa parte dos cotonetes vendidos no mercado. “O plástico traz substâncias tóxicas causadoras de câncer. O uso a longo prazo, apesar de eu não acreditar que ninguém vá fumar cotonete por muitos anos, é prejudicial, porque essas substâncias não são eliminadas pelo organismo. Então, você fica com um crédito de substâncias cancerígenas pelo resto da vida”, diz a pneumologista Michelle Andreata.

Além de não indicar o fumo das hastes flexíveis, Michelle pede para que os pais se mantenham alertas do que os filhos, principalmente os mais novinhos, consomem na internet. Evidente que limitar totalmente o acesso às redes sociais é impossível, mas ela indica impor um limite e filtrar o conteúdo consumido.

 

 

Fonte: O Tempo

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