Para começar a produção de veículos elétricos no Brasil, as montadoras apontam a necessidade de incentivos do governo, como a redução de tributos. ?Para fazer as coisas acontecerem no Brasil, necessitamos de uma parceria com o governo, dando incentivos para permitir que esses veículos entrem [no mercado], sejam acessíveis e atinjam escala suficiente para reduzir os custos?, ressaltou o diretor de desenvolvimento de produtos da Ford na América do Sul, Matt O´Leary, em entrevista à Agência Brasil.
O diretor de engenharia da Mitsubishi no Brasil, Reinaldo Muratori, defendeu que, para viabilizar a fabricação, é prciso um período de adaptação com redução do imposto de importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo ele, é indispensável ?testar o mercado? antes de começar uma produção nacional. ?O plano da Mitsubishi é, se o governo incentivar a parte dos impostos, a gente pode trazer uma frota razoável, colocar isso em teste e fazer um plano de produção local a médio prazo?, disse após participar de debate no 20º Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade (SAE Brasil), que ocorreu esta semana na capital paulista.
A viabilidade da inclusão dos carros elétricos na matriz brasileira de transportes está em estudo pelo governo. De acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, é possível que o país tenha um projeto piloto para o desenvolvimento desse tipo de veículo.
Além do apoio governamental, Muratori destacou que as empresas também terão de apostar na ideia para proporcionar a popularização dos veículos elétricos no país. ?A montadora tem que subsidiar uma parte, enquanto se desenvolve maneiras de baratear o carro?, explicou. Mesmo que o IPI e o imposto de importação fossem zerados, um carro elétrico da Mitsubishi, com autonomia de 160 quilômetros, ainda custaria cerca de R$ 100 mil. ?O que é caro?, admitiu o executivo.
Os carros híbridos, abastecidos com eletricidade ou combustíveis comuns, podem, no entanto, ser uma maneira mais fácil de os veículos elétricos conseguirem penetração no mercado brasileiro, na opinião de Matt O´Leary. ?Costumamos pensar nos híbridos vindo primeiro, como uma maneira de atrair o interesse e trazer o preço para o patamar acessível?, explicou o diretor da Ford.
Os incentivos para importação dos carros elétricos não são a única opção para a implementação desses veículos no país, na opinião do professor de engenharia de produção da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Marx. ?É uma tecnologia que, a princípio, o Brasil não domina completamente, mas isso poderia ser ? com uma orientação mais forte nesse sentido e com incentivos ? viabilizada em um espaço não muito longo de tempo.?
A tecnologia não é, no entanto, o único obstáculo para a implementação desse tipo de veículo no país. Leandro Lacerda lembra da necessidade de mão de obra específica. Ele é capitão da equipe de estudantes que expôs no SAE Brasil um protótipo de carro de corrida elétrico. Desenvolvido por uma equipe do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana, o projeto faz parte de uma inciativa para incentivar trabalhos na área, de modo a formar profissionais especializados. ?Não adianta ter carro elétrico no Brasil e ter que importar a mão de obra depois?, ponderou.
O carro, que deverá disputar uma competição com outros do mesmo tipo em 2012, é abastecido com 1,4 mil baterias de celular. Essa foi a maneira encontrada pelos estudantes para contornar a falta de insumos específicos para o funcionamento desse tipo de máquina. ?As principais dificuldades são na parte de motores e baterias, que há muito tempo não ocorre muito desenvolvimento nessa área?, destaca Lacerda.

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