Jovens entre 15 e 24 anos, os mesmos que têm acesso a um grande volume de informação e, em geral, estudaram mais que os pais, formam a parcela da população brasileira em que os casos de aids mais cresceram, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (28) pelo Ministério da Saúde.
Minas segue a tendência nacional. O Estado registrou, entre 2008 e 2010, aumento de 66% no número de mortes entre jovens contaminados com o vírus – o índice anual de óbitos no período saltou de 21 para 35 óbitos.
O relatório do ministério, com dados consolidados até 2010 e algumas informações registradas até junho deste ano, mostra que o país conseguiu estabilizar a epidemia da doença na última década. O número de casos notificados e a taxa de incidência de aids em Minas, em geral, registraram queda.
O que preocupa as autoridades é a disseminação do vírus entre a população jovem. Em Minas, o aumento das mortes nesse grupo rompeu um ciclo de melhora registrado por três anos seguidos – em 2006 (39), 2007 (24) e 2008 (21). Em 2009, as mortes por aids entre os jovens mineiros voltaram a subir, com 29 casos, até chegar aos 35 óbitos notificados no ano passado. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), 80% dos novos casos registrados no Estado são de pacientes na faixa entre 20 e 40 anos.
O educador Ismael Inácio de Melos, 27, convive com a doença há 14 anos. O contágio aconteceu em sua primeira relação sexual, aos 13. Tomo sete comprimidos ao dia e tenho problemas graves no pulmão, fígado e baço, conta. O tratamento tem evoluído, mas o vírus ainda é agressivo e os coquetéis de remédios causam efeitos colaterais sérios.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o aumento do número de casos entre jovens está ligado a uma questão cultural. É uma geração que não teve as referências que a minha geração, que está na faixa dos 40 anos, teve. A atual geração não teve ídolos que sofreram com a doença, disse ele, numa entrevista recente.
O levantamento do Ministério da Saúde mostrou a evolução dos registros de aids entre as brasileiras, apesar de os homens ainda serem a maioria entre os infectados. De 1980 a junho de 2011, foram identificados 397.662 (65,4%) casos da doença em pessoas do sexo masculino e 210.538 (34,6%) no sexo feminino.
No entanto, essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Em 1989, a razão era de seis homens infectados para cada mulher. Em 2010, passou para 1,7 mulher para cada seis homens. Em 2010, a taxa de incidência entre homens foi de 22,9 casos por 100 mil habitantes e nas mulheres, a taxa foi de 13,2 por 100 mil habitantes.
Frutal. No ranking das capitais brasileiras, Belo Horizonte ficou em 17º lugar na taxa de incidência de aids entre a população geral em 2010, com 22,7 casos a cada grupo de 100 mil habitantes. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 6.700 pessoas fazem tratamento contra a doença atualmente, incluindo pacientes do interior.
Frutal, no Triângulo Mineiro, foi a única cidade de Minas incluída na lista dos municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes que têm alta taxa de incidência da doença. O levantamento do ministério colocou a cidade, com 53.474 habitantes, na 86ª posição, em um total de cem. Em 2010, Frutal teve 28,1 casos confirmados de aids, calculados com base na taxa de 100 mil moradores.
O secretário municipal de Saúde, José Plínio dos Reis, justificou a presença da cidade no ranking dizendo que a prefeitura está fazendo mais testes. Segundo ele, são cerca de 200 exames por mês. Esse aumento é devido à quantidade que a secretaria trabalha. Quanto mais você procura, mais você acha, afirmou.
Estado registra 1.723 casos até novembro
Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostram a notificação de 1.723 casos de aids neste ano, até novembro. Foram 1.180 homens e 543 mulheres infectados. Muita gente pensa que esse risco não existe mais. Só que ele existe sim e continua fazendo vítimas, disse a coordenadora estadual de DST/aids, Fernanda Junqueira.
Na classificação dos pacientes, 51,18% são heterossexuais, 15% homossexuais e 4% bissexuais. Entre os 30% restantes, estão hemofílicos, infectados em transfusões e bebês infectados pelas mães.

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