Depois da morte da jornalista Lanusse Martins, de 27 anos, como consequência de uma lipoaspiração feita em uma clínica de Brasília, o Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou nesta sexta-feira (29) a elaboração de um novo protocolo de segurança para cirurgia plástica.
Segundo o conselho, o protocolo será uma espécie de check list, com todos os procedimentos que devem ser adotados nas diferentes etapas de uma cirurgia plástica. Assim, o documento deve conter orientações de indicações cirúrgicas, os exames pré-operatórios necessários em cada caso, informações sobre anestesia e atendimento pós-cirúrgico e as condições ideais do local para a realização da operação.
Ainda conforme informações do Conselho Federal de Medicina, os cursos de formação de profissionais para a prática da lipoaspiração serão monitorados. Vemos disponibilizados cursos de lipoaspiração de final de semana, com um dia de atividade teórica e dois dias de atividade prática. Esse tipo de curso não qualifica nenhum médico. A maioria dos casos em que há complicações envolve médicos com esse tipo de treinamento, que considero nulo? , disse o médico Antonio Gonçalves Pinheiro, coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CFM.

A lei brasileira não exige que os médicos possuam especialização em cirurgia plástica, em lipoaspiração, por exemplo, para realizar o procedimento. No entanto, o CFM recomenda que os pacientes procurem profissionais com qualificação específica.
Causas da morte
A jornalista Lanusse Martins foi vítima de erro médico, segundo afirmou nesta sexta a delegada que preside o caso, Martha Vargas. Ela também informou que o cirurgião Hackel Cabral será indiciado por homicídio doloso com dolo eventual (quando o médico assume o risco de matar) e pode pegar de seis a 20 anos de prisão.
O laudo da morte de Lanusse, divulgado pela Polícia Civil do Distrito Federal nesta sexta, revela que a jovem teve uma veia perfurada na região renal durante a cirurgia e chegou a perder quase um terço do sangue do corpo. Entretanto, o rim não foi perfurado.
Segundo a delegada, ?houve dois erros médicos: um, pela cânula ter ultrapassado a cavidade abdominal. O segundo, [pelo médico] não perceber o que estava acontecendo. Ela deveria ter sido aberta imediatamente e ter sido estancado [o sangramento]. Isso poderia salvar sua vida.
A perita Luciana Satie conta que foram 15 perfurações no corpo de Lanusse, -previstas para cirurgia-, com características de terem sido feitas com um instrumento como uma cânula. De acordo com ela, duas perfurações podem ter atingido a veia, sendo uma abaixo do umbigo e outra na região perto do osso da bacia. Lanusse perdeu pelo menos 1,5 litros de sangue. De acordo com a perita, esse total pode ser ainda maior. Para uma pessoa com o peso e altura da jornalista, o total de sangue do corpo é de cerca de 4,5 litros.
Processos por erro médico
De 2004 a 2008, o Conselho Federal de Medicina julgou 238 denúncias de erros médicos ocorridos durante cirurgias plásticas. Seis profissionais tiveram o registro cassado e 89 processos foram arquivados. Foram aplicadas censuras públicas a 35 médicos.

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