Das 34 cidades da região metropolitana de Belo Horizonte, apenas sete municípios possuem Procon, o órgão de defesa do consumidor. O ideal seria que todos os 853 municípios mineiros tivessem um Procon, mas só 97 foram contemplados até hoje.
O coordenador do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcelo Barbosa, que recebe inúmeros e-mails de consumidores em busca de ajuda, considera o problema de origem política ou econômica. ?Se o prefeito não cria o Procon, a pessoa tem que recorrer à Justiça.
Marcelo Barbosa explicou também que nem sempre a prefeitura quer ou tem condições de arcar com uma estrutura mínima de uma sala, computador, quatro funcionários, telefone, internet, impressora e mobiliário.
Vitor Gabriel Almeida, 24, nasceu, mora e trabalha como taxista em Pedro Leopoldo, a 40 km da capital e com 58.635 habitantes. Mas quando precisa resolver algum problema como consumidor, é ao Procon de Belo Horizonte que ele recorre. Trabalho de dez a 12 horas como taxista e sempre tenho que procurar o Procon de Belo Horizonte, reclamou Vitor.
Na ordem do dia, Vitor tem duas pendências: uma cobrança referente a uma mensalidade de R$ 488 da faculdade que, segundo ele, é indevida e uma conta de telefone no valor de R$ 200. Toda cidade deveria ter um Procon, disse.
Ana Lúcia Pereira da Silva, de 36 anos, também gastou muito tempo para resolver um problema que, se houvesse Procon em Sarzedo, onde mora, teria sido muito mais rápido. A cidade fica a 29 km de Belo Horizonte e tem 24.828 habitantes.
Ana Lúcia comprou um modem para ter acesso ao conteúdo da internet, a qualquer hora do dia. A família teria que pagar três parcelas de R$ 59 para uma operadora telefônica a partir de novembro do ano passado. Ana Lúcia esperou a conta, mas ela não chegou. Desligaram o aparelho sem avisar, contou indignada.
Depois de muito trabalho, Ana Lúcia conseguiu ter acesso à conta, mas lá se foram 15 dias com o problema em casa. A gente teria recorrido ao Procon, afirmou Ana Lúcia que ainda precisou desembolsar R$ 8,90 para religarem o aparelho em sua casa.
Marcelo Barbosa contou que o órgão tem feito um intenso trabalho de motivação junto aos prefeitos de mais de 700 municípios. Existe a tentativa de criar Procons por meio das Câmaras Municipais, como foi o caso de Brumadinho. Se não houver Procon, o consumidor acaba sobrecarregando ainda mais o Poder Judiciário da cidade, alertou.

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