Pouca gente percebe que a baleia, por ser mamífero, descende de seres que andavam na terra e foram retornando às águas até ficarem parecidos com os peixes, aparência muito superficial, claro! As primeiras baleias, os protocetídeos, viveram de 47 a 41 milhões de anos atrás e eram nadadoras que ainda tinham pés. A partir de 37 milhões de anos atrás, as baleias tornaram-se nadadoras movidas a cauda.
Embora esqueletos de protocetídeos sejam encontrados na África, Ásia e Américas, uma região do deserto do Egito, Wadi Al Hitan, ou Vale das Baleias, é onde mais se encontrou esqueletos de baleias antigas, tanto que se tornou um Patrimônio Mundial da Unesco. E foi em 2007 que descobriram um esqueleto parcial de Aegicetus. E mais tarde naquele ano, um esqueleto muito mais completo.
Descobriu-se que este fóssil de baleia era uma nova espécie e um passo importante na evolução da locomoção das baleias, de acordo com o paleontologista Philip Gingerich da Universidade de Michigan. A nova espécie foi denominada Aegicetus gehennae e data de cerca de 35 milhões de anos atrás. A criatura parece ter sido bem adaptada para nadar através da ondulação do meio do corpo e da cauda, como os crocodilos nadam hoje.
A descoberta está detalhada em um artigo publicado on-line em 11 de dezembro na revista PLOS ONE. O Aegicetus gehennae é o primeiro protocetídeo tardio do Eoceno – época geológica que começou há 56 milhões de anos e terminou 33,9 milhões de anos atrás-. A forma corporal dessa baleia é semelhante à de outras baleias antigas de seu tempo, como o famoso Basilossauro.
O Basilosaurus (rei lagarto) foi um gênero de cetáceo pré-histórico que viveu entre 34 e 39 milhões de anos atrás no Eoceno. Descoberto em Louisiana, acreditavam ser um reptiliano, daí o sufixo “saurus” (lagarto). Fósseis de duas das espécies foram encontrados no Egito e Paquistão.
Embora as baleias modernas sejam totalmente aquáticas e usem suas caudas para se impulsionar pela água, acredita-se que a maioria dos protocetídeos tenha sido semi-aquática e nadou principalmente com seus membros.
Os pesquisadores sugerem que um estilo de natação ondulatório pode representar um estágio de transição entre a natação a pé das baleias precoces e a natação por cauda das baleias modernas.
Os ossos fossilizados descobertos formam um esqueleto excepcionalmente completo, cerca de dois terços dos ossos do indivíduo foram recuperados, tornando-o entre as baleias antigas mais bem preservadas.
Comparado com as baleias anteriores, o Aegicetus possui corpo e cauda mais alongados e pernas traseiras menores, e não possui uma conexão firme entre as patas traseiras e a coluna vertebral. Essas adaptações indicam um animal que era mais totalmente aquático e menos nadador movido a pé do que seus ancestrais.
Acredita-se que o espécime quase completo seja do sexo masculino. Estima-se que teria pesado cerca de uma tonelada quando em vida e teria cerca de 4 metros de comprimento. Os fósseis originais foram mantidos no Museu de Paleontologia da Universidade de Michigan para estudo, mas em breve serão devolvidos ao Museu Geológico do Egito, no Cairo.