A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) defendeu, no domingo (10), a retomada da discussão sobre o desarmamento no Brasil. Para o presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, o massacre que deixou 12 crianças mortas, na quinta-feira passada (7), deve servir como reflexão para os riscos que a sociedade corre com o livre acesso de cidadãos a armas de fogo.
?Uma tragédia como essa, infelizmente, acaba servindo de lição, por conta da facilidade com que se consegue adquirir armas no Brasil. Esse rapaz [Wellington de Oliveira, autor dos disparos] não era membro de quadrilha, não era do crime organizado, era um descontrolado que tinha acesso com facilidade a uma arma?, disse.
Em 2005, em um referendo que perguntava ?O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil??, 63,94% dos brasileiros disseram não ao desarmamento contra 36,06% que votaram pelo fim do acesso às armas.
?Talvez a sociedade brasileira tenha amadurecido do referendo para cá?, pondera Damous. Na avaliação do jurista, a retomada do debate nacional sobre o desarmamento poderia ser feita inclusive com a convocação de um novo referendo. ?Essa é uma discussão que merece ser feita democraticamente. Um novo referendo seria oportuno e democrático?.
Damous lembra que a legalidade do porte de armas no Brasil é responsável por ?tragédias domésticas diárias? e acaba abastecendo grupos criminosos. ?Não há porque o cidadão, a sociedade civil estar armada. Quando o cidadão tenta usar a arma normalmente é morto ou tem a arma roubada e aumenta o poder de fogo dos criminosos. E a arma ainda incentiva a noção de fazer justiça com as próprias mãos, o que exime o Estado da responsabilidade de garantir a segurança?, avalia Damous.