Praias do município do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, voltaram a apresentar óleo nesta segunda-feira (21). Na praia de Itapuama, que já havia registrado a substância no domingo (20), um grupo escreveu na areia “SOS” ao lado de uma mancha.

Por volta das 6h30, o grupo que escreveu o pedido de socorro estendeu a mensagem, pedindo por luvas e tratores para auxiliar na retirada do óleo da areia da praia.

Além de Itapuama, o óleo chegou às praias de Enseada dos Corais e da Reserva do Paiva, próximo ao limite com Jaboatão dos Guararapes, nesta segunda. O município também registrou óleo nas praias de Suape, Calhetas e Gaibu.

Um dos que acordou cedo para auxiliar na retirada do óleo das praias foi o voluntário Jair Aniceto dos Santos. “Ontem [domingo] foi difícil porque grudou muito nas pedras. Hoje, aqui no Paiva, tem espaço para retirar. É muito triste. Eu moro aqui perto e fico preocupado com os bichos”, relatou.

Às 8h30, sacos de plástico chegaram com o óleo que invadiu a praia do Paiva, no Cabo. No rótulo, há indicações de que eles continham luvas fabricadas na Malásia. No local, representantes da Marinha informaram que o material foi levado à Capitania dos Portos, no Recife, para ser analisado.

Sacos plásticos foram encontrados junto ao óleo, no mar, nas proximidades da praia do Paiva, no Grande Recife — Foto: Elvys Lopes/TV Globo

Segundo a prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, o município recebe a colaboração de comerciantes para fornecer comida aos voluntários. Foram montadas quatro bases de apoio na cidade para distribuição de Equipamentos de Proteção Individual: no Hotel Vila Valé, em Suape; na Praia de Gaibu; na base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Itapuama; e na Associação Geral da Reserva do Paiva.

“Todos os materiais fornecidos até agora foram um esforço conjunto do governo do estado, que acabou com estoques da Compesa, da CPRH e dos portos de Suape e do Recife. Ontem [20] tivemos contato com empresas que liquidaram seus estoques por orientação do governador Paulo Câmara”, disse o secretário de Meio Ambiente do estado, José Bertotti.

Óleo é registrado na praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho — Foto: Elvys Lopes/TV Globo


Outras praias

Em Tamandaré, no litoral sul do estado, cerca de 100 pessoas atuam na limpeza dos resíduos que permanecem nas praias do município desde sexta (18). “Estamos sem indício de novos eventos, então estamos peneirando a areia para tirar o máximo de piche nas praias de Carneiros e Boca da Barra e nos manguezais do Rio Formoso e da Boca da Barra”, contou o secretário de Meio Ambiente da cidade, Manoel Pedrosa.

Em Ipojuca, também no litoral sul, não foram registradas novas manchas de óleo nesta segunda-feira (21). Segundo a prefeitura, voluntários e equipes terminam de fazer a limpeza das praias de Muro Alto e Cupe.

Ainda que as manchas de óleo não tenham chegado a Jaboatão dos Guararapes, a prefeitura diz que, desde às 6h desta segunda-feira (21), conta com barreiras de contenção enviadas pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para o caso de surgir indício no óleo na foz do rio Jaboatão e no mar. A cidade também recebe apoio da rede de pescadores para evitar que a substância chegue ao mangue.

Balanço

De 2 de setembro até o domingo (20), foram recolhidas mais de 600 toneladas de resíduos das praias do litoral nordestino, ao longo dos 2.250 quilômetros afetados pelo óleo, segundo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA). No mesmo período, o Ibama fez o registro de 67 animais com manchas de óleo.

O GAA é formado por representantes da Marinha, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Efeitos no turismo

Quem passou pela praia de Macaraípe, no litoral sul do estado, no domingo (20), estranhou o baixo movimento, já que outubro é início de alta temporada. As cadeiras na areia ficaram vazias e o número de passeio de bugues diminuiu. Mais de 400 motoristas e 80 jangadeiros deixaram de faturar para garantir a limpeza da praia em um mutirão de limpeza.

O mesmo aconteceu em Ipojuca. O mês que aquece a economia das 20 mil pessoas que vivem do turismo é assombrado pelo óleo que afasta os turistas. O município prepara uma campanha para convocar os turistas e evitar que o desastre ambiental também provoque prejuízos para a economia e desemprego para os trabalhadores.

“O recado vai ser: ‘Venha para Porto de Galinhas. A praia mais bonita do Brasil espera você limpa e de braços abertos'”, afirma o secretário de turismo de Ipojuca, Mário Pilar.

Justiça

Uma liminar da Justiça Federal em Pernambuco concedida no domingo (20) determina ao governo federal um prazo de 24 horas para dar início à implementação de medidas de recolhimento do óleo que atinge o litoral e proteção de áreas sensíveis do estado. Uma multa diária de R$ 50 mil pode ser aplicada em caso de descumprimento.

Assinada pelo juiz substituto Augusto Cesar de Carvalho Leal, a decisão obriga a União a monitorar os ecossistemas mais sensíveis do litoral pernambucano, como manguezais, áreas de estuário e recifes de coral, além de colocar barreiras de proteção com equipamentos adequados. A liminar foi concedida após ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e se refere apenas a Pernambuco.

Óleo em Pernambuco

Entre a quinta (17) e o domingo (20), Pernambuco recolheu 71 toneladas de óleo das praias do estado. Na quinta, a substância chegou a São José da Coroa Grande.

Óleo aparece na praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife — Foto: Elvys Lopes/TV Globo

Na sexta-feira (18), o óleo chegou até praias de Tamandaré, como a Praia dos Carneiros, de Sirinhaém e Barreiros. No sábado, praias de Ipojuca, vizinhas a Porto de Galinhas, foram atingidas.

No domingo (20), o óleo chegou às praias de Suape, Calhetas, Itapuama, Xaréu e à Ilha de Tatuoca, no Cabo de Santo Agostinho. Voluntários e equipes se uniram para retirar o material da água, da areia e do mangue.

 

Fonte: G1 ||
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