O presidente Lula iniciou seu governo reclamando dos altos juros determinados pelo Banco Central do Brasil, 8,2%, o maior do mundo, sendo que em segundo lugar vem o México com 5,5%, depois o Chile com 4,7%. O BRICS só aparece em nono lugar e décimo: África do Sul, 1,4% e Índia, 1,3%.

Mesmo com essa taxa alta, o Brasil registrou, em 2022, uma inflação de 5,8%, mesma da Índia e pouco menor que a África do Sul, 7,5%. Outro BRICS, a China teve inflação de 1,8%. A inflação brasileira está acima da meta que é de 3,5%, com teto de 5%. Curiosamente, coincide com a autonomia do Banco Central, que começou em 2021, ano que a meta da inflação era 3,75%, mas o BC entregou 10%. Não sei se já é estatisticamente significativo, mas no mundo da política, sem a autonomia, o presidente do BC já teria sido demitido.

Para entender sobre competência na condução econômica por uma equipe, lembremos do desastre que explodiu em 2015, meta de 4,5%, mas a inflação foi de 10,7%, mas no ano seguinte, Meirelles entregou 6,3%, abaixo do teto que era de 6,5% e, em 2017, 3%, igual ao piso.

O atual presidente do BC é o Roberto Campos Neto, que entrou no cargo em fevereiro de 2019. Neste ano e no seguinte, manteve a inflação dentro da meta, bem abaixo do teto, mas quando ganhou autonomia, perdeu o controle!? Desde então, explica seu péssimo desempenho, contando histórias da carochinha que só assustam os jornalistas que escutam banqueiros, os que realmente ganham. Aliás, quando sair do BC, Campos Neto procurará novo emprego em bancos. Um conflito inescusável de interesses.

Como pouca gente entende de Economia e a imprensa quase não tem entrevistado outros além de banqueiros, como os professores e pesquisadores, foi preciso que Lula provocasse o debate, trazendo para o campo político que ele domina muito bem.

Então, novas (ou velhas) vozes foram ouvidas. Dias atrás, o Canal Livre recebeu um dos economistas mais respeitados do Brasil, André Lara Rezende. Ele é um dos pais do Plano Real… Parece-me qualificado para o debate econômico.

De cara, Lara Rezende lembrou que o Banco Central é um órgão de estado que tem autonomia operacional para conduzir a política determinada pelo governo, preservando uma continuidade na política e livre de pressões políticas peçonhentas, especialmente as eleitoreiras de fim de governo em campanha de reeleição.

Ele informa que as teorias econômicas mudaram nas últimas décadas e há necessidade de uma atualização. Martelarem o problema do déficit público, da insustentabilidade da dívida e o abismo fiscal. Saíram os números do ano passado, (pasmem!) houve um superávit de R$ 126 bilhões, equivalente a 1,3% do PIB. A dívida pública bruta, aquela que os analistas insistem estar em uma trajetória explosiva, caiu 1,1% em proporção do PIB, para 73,5%.

A dívida pública brasileira é baixa, toda em moeda nacional e o país ainda tem quase 20% do PIB em reservas internacionais. A PEC da Transição gastará 2% do PIB enquanto a alta da taxa básica de juros, promovida por canetadas do BC desde o início de 2021, custou quase o dobro desses 2% do PIB, só em 2022. Faz sentido?

 

 

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