A Revista Lancet publicou no dia 08.01, o artigo “Children and adolescents deserve a better future” (Crianças e adolescentes merecem um futuro melhor), em seu site https://www.thelancet.com.

A pandemia do coronavírus foi e é uma catástrofe para crianças e adolescentes (jovens). A UNICEF, em relatório datado dezembro de 2020, considerou a pandemia “a maior ameaça às crianças”. O fechamento generalizado de escolas e universidades acarretou e acarreta déficit educacional e de habilidades, com o aumento das desigualdades, pois os jovens desfavorecidos ficam cada vez mais atrasados.

O ensino digital remoto funciona para as classes possuidoras de ambiente doméstico de apoio, de acesso à internet e de professores capazes de dar um ensino eficaz. Entretanto, as classes mais vulneráveis não possuem internet e, segundo a UNICEF, dois terços dos jovens não têm internet em casa.

A falta de contato pessoal pelos adolescentes trará consequências no longo prazo para a sociedade, pois vivem o momento etário crucial para o fortalecimento físico e psíquico, sendo necessárias relações interpessoais para o seu pleno desenvolvimento de resiliência, do seu papel social e de sua identidade.

O fechamento das escolas, durante a pandemia, gerou a falta de acesso à merenda escolar (única refeição nutritiva do dia para alguns jovens) e acarretou no aumento da fome, da insegurança alimentar e da pobreza nos jovens. Com isso, eles ficaram sujeitos aos anúncios de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas de comerciais e das redes sociais.

Os formuladores de políticas públicas nacionais e a comunidade internacional fracassaram em proteger os jovens durante a pandemia do Covid-19 e, com a nova onda de infecções causadas pela variante ômicron, novos fechamentos de escolas estão ocorrendo. Além disso, a vacinação dos jovens é lenta e, na melhor das hipóteses, tem mensagens e recomendações confusas e diferentes das autoridades públicas.

As decisões das autoridades sem ouvir a opinião dos jovens têm sido prejudiciais. É preciso ouvi-los e fazê-los participar da tomada de decisões e da confecção de políticas públicas, como discussões sobre emergência climática, saúde planetária, igualdade de gênero e injustiça racial.

Existem iniciativas para envolvimento dos jovens.

A União Europeia designou 2022 como o ano da juventude e estão previstas ações para aumentar o envolvimento dos jovens no processo democrático.

Esse envolvimento também pode ser alcançado incluindo os jovens como eleitores ativos. Alguns países, de forma exemplar, como Argentina, Áustria e Brasil, permitem aos jovens de 16 anos votarem em todas as eleições, com melhora do interesse e do envolvimento político deles.

Os jovens são o nosso futuro e, por isso, precisam ser ouvidos e devem ser criados mecanismos para acatar suas ideias distintas e ouvir suas lideranças.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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