Com a nova parceria, os detentos estão tendo uma nova realidade após o cumprimento da pena em Divinópolis. Carteira assinada e salário de aproximadamente R$ 1 mil é a quantia que o ex-detento Dione Aparecido da Silva, 37 anos, recebe.
Após seis anos e dez meses de detenção, ele comemora a conquista do cargo de polidor em uma empresa especializada em peças de alumínio fundido, oportunidade que lhe foi dada quando ainda cumpria pena na unidade prisional. ?Não queria passar o dia inteiro atrás das grades, sem fazer nada. Então, na primeira chance que tive, comecei a trabalhar. Primeiro, dentro do presídio. Depois, em outras empresas até chegar aqui. Dei a volta por cima? , comemora Silva.
O ex-detento conta que já completou cinco anos de trabalho, sendo dois quando ainda estava preso e os demais após recuperar a liberdade. Com jornada de seis horas diárias, ele e os colegas trabalham por produção e em duplas. Cada um é responsável por descascar, raspar, polir e lustrar um mínimo de 150 peças (panelas e tampas) por dia. Se ultrapassarem este número, recebem R$ 0,35 por peça extra. O salário é de R$ 762,00, mais adicional de insalubridade, cesta básica e vale transporte. ?Antes de ser preso, era vendedor. Não sabia nada sobre fundição, fui aprendendo aos poucos. Nos dois primeiros meses, passava o dia aqui. Entrava às 8h e saia às 17h, porque queria aprender? , lembra.
A dedicação de Silva ao trabalho é motivo de orgulho para o proprietário da empresa, Wesley Assaf. ?O Dione é um dos melhores que tenho aqui. É gratificante ver que ele conseguiu voltar à sociedade e ter uma vida nova? , relata. Com 19 anos de mercado, a Alumínio Condor Ltda. empregou mais de 30 detentos do presídio Floramar nos últimos seis anos. ?Pequenas empresas como a Condor não podem fazer muito. Esta foi a forma que encontrei de dar a minha contribuição social? , destaca o empresário.
Durante o período em que esteve no Presídio Floramar, Dione Silva passou por várias atividades, sempre aproveitando as parcerias firmadas entre a unidade prisional, empresas e Prefeitura. Em regime fechado, trabalhou no refeitório da unidade e, quando obteve o benefício do regime semi-aberto, foi gari da Prefeitura e fez faxina na sede do Corpo de Bombeiros. ?Todos os empregos foram importantes, mas considero este o melhor, pois aqui aprendi um ofício? , explica.
Oportunidades
Na avaliação do ex-detento, as oportunidades de trabalho são fundamentais para o resgate da auto estima. Dione Silva defende que ?preso tem que trabalhar e ocupar a mente, porque ficar à toa, atrás das grades, acaba levando a pessoa a fazer besteira?. Quem não tiver uma oportunidade de emprego após conquistar a liberdade, segundo ele, está a um passo de voltar para o crime. ?Por isso, aproveitei todas as chances que me deram enquanto estava preso. Hoje tenho até uma profissão? , destaca.

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