Em carta aberta publicada nesta terça-feira (21), as Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP), Infectologia (SBI) e Imunizações (Sbim) defenderam o uso da vacina contra a Covid-19, da Pfizer, em crianças de 5 a 11 anos. A aplicação do imunizante foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A recomendação da comunidade médica segue caminho oposto ao defendido pelo Governo Federal que declarou resistência à vacinação infantil e dará início, nesta quinta-feira (23), à consulta pública sobre o assunto até 2 de janeiro. 

A nota publicada pelas entidades elenca os benefícios e riscos da imunização infantil com a vacina. O texto também apresenta condições a serem cumpridas pela Pfizer. “A SBIm, a SBP e a SBI manifestam-se favoráveis à autorização, por entenderem que os benefícios da vacinação na população de crianças de 5 a 11 anos, com a vacina Comirnaty, no contexto atual da pandemia superam os eventuais riscos associados à vacinação”, aconselham os órgãos. 

Os médicos citam que os estudos das três fases do imunizante da Pfizer em crianças desta idade mostram que duas doses com 10 µg (micrograma) – cerca de um terço da aplicação feita em adolescentes e adultos – é capaz de produzir uma resposta de anticorpos neutralizantes similar ao que foi registrado no público entre 16 a 25 anos. Além disso, o imunizante teve taxa de eficácia de 90,7% para a prevenção da Covid após sete dias da segunda dose e em período de dois a três meses. 

Ainda conforme a carta, “não foram observados nestes estudos eventos adversos graves associados à vacinação”. O texto ainda reforça que, no mundo, mais de cinco milhões de doses já foram aplicadas em crianças de 5 a 11 anos sem resultar em eventos adversos de preocupação. Para manter a segurança do processo e o bem-estar das crianças, os médicos ainda sugerem que a Pfizer mantenha, após início do uso da vacina na população infantil, vigilância sobre qualquer tipo de reação que possa surgir depois da aplicação do imunizante. 

Outra sugestão é de que ocorra orientações sobre conservação, diluição e aplicação nas salas de vacinação do Brasil, tendo em vista que a dose aplicada em crianças será menor que o utilizado em adultos e adolescentes. “Sugerimos também a realização de estudos que possam identificar a eficácia/efetividade na prevenção de infecção assintomática; possibilidade de coadministração com outras vacinas pediátricas; uso da vacina em esquemas alternativos, com intervalos de doses superiores aos utilizados no estudo; além de dados de resposta imune celular”, acrescenta a nota. 

Impactos da Covid em crianças

Na carta publicada, os órgãos alegam que dados do Ministério da Saúde apontam para uma “carga relevante” da doença em crianças de 5 a 11 anos tendo como resultado “milhares de hospitalizações e centenas de mortes pela Covid-19”. Outro impacto da doença no público em questão diz respeito aos casos de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica com “potencial gravidade neste grupo etário”. 

Fonte: O Tempo

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