A Secretaria da Seguraça Pública do Ceará confirmou a identificação de 8 das 14 pessoas mortas após um tiroteio entre policiais e criminosos durante uma tentativa de assalto a dois bancos na cidade de Milagres, interior do Estado. Das 14 vítimas do tiroteio, seis eram reféns e outras oito são suspeitos de participação da quadrilha que tentou roubar as agências. Três criminosos foram presos.

A tentativa de roubo aconteceu na madrugada desta sexta-feira (7), no Centro de Milagres. De acordo com a Secretaria de Segurança, durante a tentativa de furto cinco criminosos foram baleados nas proximidades das agências e morreram. Outros dois homens foram atingidos por disparos de arma de fogo e foram encaminhados a unidades de saúde da região, mas não resistiram aos ferimentos e morreram no hospital. Um oitavo suspeito foi localizado no município de Barro, onde entrou em confronto com policiais militares, e também faleceu.

A quadrilha levou seis pessoas, de duas famílias, como reféns até o centro de Milagres, onde ficam as agências do Banco do Brasil e Bradesco. Durante o confronto policial, os seis reféns foram baleados e morreram. Destas seis, cinco são membros de uma família de Serra Talhada (PE) e um de uma família natutal de Brejo Santo.

Os reféns mortos são:
João Batista Campos Magalhães (49), natural de Serra Talhada (PE);
Vinícius de Souza Magalhães (14), natural de São Paulo (SP); filho de João Batista;
Cícero Tenório dos Santos, 60 anos, natural de Maceió (AL) ;
Claudineide Campos de Souza, 41 anos, natural de São José do Belomonte (PE) – mulher de Cícero Tenório;
Gustavo Tenório dos Santos, 13 anos, natural São Paulo (SP), filho de Claudineide e Cìcero;
Francisca Edneide da Cruz Santos (49), natural de Brejo Santo (CE).

Os suspeitos mortos são:
Mackson Junior Serafim da Silva, 26 anos, natural de Capela (SE),
Lucas Torquato Loiola Reis, 18 anos, natural de Delmiro Gouveia (AL).

De acordo com familiares, João Batista e o filho Vinícius de Souza tinham ido a Juazeiro do Norte, no Ceará, por volta 21h30, buscar os três parentes que estavam vindo de São Paulo para passar os festejos de fim de ano em Pernambuco. O voo deles chegou na cidade às 23h.

Quando o empresário voltava para Serra Talhada passou pelo local onde estava acontecendo a tentativa de assalto. Os criminosos tomaram o carro e fizeram o empresário, o adolescente e as três pessoas vindas de São Paulo de reféns, conforme informaram os familiares.

O núcleo da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), em Juazeiro do Norte, para onde os corpos foram levados, até as 8h deste sábado (8), ainda ainda não havia divulgado a identificação das outras pessoas mortas no confronto. A Polícia Civil vai ouvir o depoimento dos detidos para tentar identificar o restante da quadrilha, de acordo com a Polícia Militar de Milagres.

Após o ocorrido, a segurança na cidade Milagres foi reforçada. Agentes do Grupo de Ações Táticas Especial (Gate), do Comando Tático Rural (Cotar), da Força Tática (FT) e do Batalhão de Divisas realizam buscas na região para tentar localizar os outros assaltantes que fugiram após a ação. Equipes da Delegacia de Furtos e Roubos (DRF) e do Departamento de Polícia do Interior Sul (DPI Sul) também colaboram com os trabalhos de investigação.

Madrugada de terror
A quadrilha que tentou assaltar os dois bancos usou um caminhão para bloquear a rodovia BR-116, na altura do quilômetro 495, e fazer reféns. Com isso eles entraram na cidade e trocaram tiros com a polícia.

Veja como ocorreu a tentativa de assalto que resultou nas 14 mortes:

Por volta de 21h30, uma família sai de Serra Talhada, em Pernambuco, para pegar familiares que viajavam de São Paulo para Juazeiro do Norte, no Ceará. João Batista foi junto com o filho, Vinícius, para receber a cunhada, Cleoneide; o marido dela, Cícero Bertolone; e o filho do casal, Gustavo
Uma segunda família, de Brejo Santo, no Ceará, também segue a aeroporto de Juazeiro do Norte para receber familiar
As duas famílias saem juntas, em dois veículos, de Juazeiro do Norte de volta as suas respectivas cidades, uma para Serra Talhada e outra para Brejo Santo
Na BR-116, na altura da ponte sobre o riacho Tamandu, que dá acesso à cidade de Milagres, e trecho em comum de ambas as famílias, criminosos usam um caminhão bloqueando a estrada e faz as duas famílias reféns
Oito pessoas, das duas famílias, são levadas como reféns até o centro de Milagres, onde ficam as agências do Banco do Brasil e Bradesco
Durante o crime, o pai de um homem identificado como Genário, de Brejo Santo, passa mal, e o filho pede para que ele cuide do pai; ambos são liberados pelos criminosos. A irmã de Genário, Francisca Edenice, continua como refém dos criminosos
Os cinco membros da família de Serra Talhada continuam como reféns
Policiais militares chegam ao local do crime e trocam tiros com os criminosos. Catorze pessoas morrem, sendo pelo menos seis reféns e pelo menos seis criminosos. Destas seis, cinco são os membros da família de Serra Talhada (PE) e um da família de Brejo Santo.

Ação da polícia
De acordo com a Secretaria da Segurança, a quadrilha já vinha sendo investigada pelas Polícias Civis de Sergipe, Bahia, Alagoas. No Ceará, o grupo criminoso foi monitorado pela Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública, que acionou composições do Batalhão de Polícia Choque da Polícia Militar para a região onde os assaltantes planejavam o ataque.

As investigações compartilhadas pelos quatro estados apontaram que o grupo criminoso preparava um ataque a agências bancárias localizadas nos municípios de Milagres ou Missão Velha, ambas no Cariri.

O governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que os policiais estavam cientes de que o bando preparava o ataque e conseguiu evitar o crime: “O fato é que estavam preparados para assaltar dois bancos e não conseguiram assaltar nenhum”.

Camilo Santana também foi questionado se os tiros que mataram as famílias foram disparados pelos policiais ou pelos criminosos. “Eu não tenho essa informação. É estranho um refém de madrugada no banco. Vamos aguardar essa investigação”, afirmou.

O ministro da Segurança, Raul Jungmann, classificou o confronto entre policiais e assaltantes com 14 mortes como uma “tragédia” e disse que casos como esses “acontecem”. “Tragédias como essas acontecem. À medida que a gente possa antecipar e evitar, sem sombra de dúvidas, a sociedade agradece e a gente poupa vidas, que é o bem mais importante que a gente tem que proteger”, afirmou.

 

Fonte: G1||

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