Investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) revelou a existência de planos para desferir um golpe contra a democracia brasileira. Documentos divulgados após a quebra de sigilo determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 19.11, demonstram que a trama incluía a disseminação de mentiras sobre o sistema eleitoral até planos de assassinato e desmonte institucional.
A organização criminosa atuou coordenada e com objetivos claros: desacreditar o sistema eleitoral, manipular informações, cooptar apoio militar e planejar ações extremas, como o assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin. O plano, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, também previa a eliminação de ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, além da prisão de opositores.
Desde 2019, o grupo alimentou a falsa narrativa de vulnerabilidade das urnas eletrônicas e corroer a confiança popular no sistema democrático, um discurso que ganhou força após a derrota de Bolsonaro nas urnas em 2022. Por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, essas mentiras eram repetidas incansavelmente para naturalizar a ideia de fraude eleitoral.
As investigações também identificaram uma perigosa proximidade entre o núcleo operacional da trama e membros das Forças Armadas. Militares com formação em Forças Especiais participaram ativamente da elaboração de estratégias para persuadir comandantes a apoiarem a ruptura institucional. Embora esses esforços não tenham conquistado a adesão das cúpulas do Exército e da Aeronáutica, o envolvimento de agentes de Estado eleva o alerta sobre os riscos à democracia.
Reuniões clandestinas em Brasília e o uso de recursos públicos para financiar as ações golpistas foram peças centrais da investigação. Minutas de decretos, como a que previa intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram produzidas por um núcleo jurídico para pavimentar a tentativa de golpe.
O fracasso do plano veio pela resistência de instituições-chave, mas a trama deixou marcas profundas. Entre os envolvidos, estão ex-ministros, militares e aliados diretos de Bolsonaro. A PF destacou que o grupo se via como os verdadeiros patriotas, enquanto acusavam os que não aderiram de “traidores da pátria” — uma inversão grotesca da realidade.
A revelação deste caso é um lembrete contundente de que a democracia brasileira, embora robusta, ainda é vulnerável a ataques de agentes internos. O episódio reforça a necessidade de vigilância permanente e respeito ao Estado Democrático de Direito, pilares que sustentam a nossa nação.
Agora, com os desdobramentos da investigação e a possibilidade de punição criminal dos envolvidos, o Brasil tem a chance de mostrar ao mundo que a democracia sempre prevalecerá sobre a tentativa de autoritarismo. Que fique claro: os verdadeiros traidores são aqueles que se colocam contra a Constituição e a vontade do povo expressa nas urnas.

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