O preço de muitos planos e seguros de saúde antigos, contratados antes de janeiro de 1999, vai subir mais que o dobro dos planos novos, que tiveram reajuste de 5,48%, fixado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Grande parte dos contratos de 2,42 milhões de usuários de planos antigos individuais têm como indexador o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que acumula alta de 11,53% nos últimos 12 meses, mais de duas vezes o índice oficial do segmento. A discrepância entre os números ocorre porque a ANS não regulamenta os contratos assinados antes de 1999. Nesses casos, para aumento das mensalidades, vale o índice que está no contrato. Quando ele não está claro ou há cláusulas dúbias ou abusivas, aplica-se o índice oficial da ANS (os 5,48%).
Em Minas Gerais, 194,15 mil consumidores são usuários de planos de saúde antigos, dos quais 80,1 mil concentram-se em Belo Horizonte. Cliente da Unimed-BH, o eletricista Wander Baeta Granicelli já recebeu o boleto deste mês com reajuste. ?Em maio, eu paguei R$ 161,24. Este mês, paguei R$ 175,09. É um absurdo?, ressalta. No mês passado, Wander pediu o cancelamento do serviço aeromédico, que inclui atendimento de emergência por helicópteros, no valor de R$ 3,76. ?É pouco, mas qualquer economia ajuda. Cancelei o serviço, mas vieram cobrando ainda mais caro: R$ 4,13?, reclama. Assim como Wander, 104 mil clientes da Unimed em Minas que têm contratos antigos terão as mensalidades reajustadas pelo IGP-M. Os reajustes são aplicados na data de aniversário do contrato. Segundo Fernando Rossi, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo em Minas Gerais (Abramge-MG), a maioria dos contratos antigos das operadoras filiadas à entidade também serão reajustados pelo IGP-M. ?Na verdade, precisa de muito mais, pois há uma defasagem de 30% a 35% nos valores dos honorários médicos?, afirma.
Para Maria Inês Dolci, coordenadora-institucional da Pro Teste Associação de Consumidores, os planos antigos deveriam ter o mesmo índice dos novos. ?É um assunto polêmico e tem que ser reavaliado, principalmente com os índices de inflação em alta. A ANS chegou a discutir o assunto há alguns anos, mas não houve consenso?, pondera. A Matermed tem mil clientes de planos antigos com reajustes vinculados ao IGP-M, mas segundo a gerente de Relacionamento Ester Soares, a operadora tem aplicado o índice oficial da ANS há alguns anos. ?Aplicamos um índice novo para evitar transtornos?, explica. A Santa Casa Saúde informou que também aplica o índice da ANS para os 9.943 contratos antigos.
Segundo a Unimed-BH, o índice aplicado na mensalidade do plano de saúde de Wander foi de 9,81%. A operadora informou que, a partir de julho, o serviço aeromédico não virá mais no boleto, e o valor cobrado este mês será estornado. O reajuste dos planos antigos da Golden Cross, Amil, Bradesco, Sul América e Itaúseg têm que passar pelo crivo da ANS, mas os índices ainda não foram divulgados.

COMPATILHAR: