“Depois da Tempestade vem a bonança”! Isto é o que o texto bíblico nos informa (Mt 10,16-23) e a prática de vida nos confirma, cotidianamente. E assim se espera que, dessa feita, também aconteça.
Se na quarta-feira (21), a nossa manchete principal do Últimas Notícias, expressando a verdade, reportou que a nossa Praia Popular estava literalmente debaixo d’água, na quinta-feira (22), com o sol querendo dar as caras por aqui, a situação já não se mostrava tão avassaladora e a esperança era a de que, apesar de precisarmos dela (a chuva), daqui em diante elas venham em menor intensidade, dentro da média histórica e que assim, aquele local, realmente se preste ao lazer da população a que se destina.
Analisando com mais tempo as respostas vindas do senhor secretário de Obras, José Ronaldo do Couto, quando o interpelamos a respeito da calamitosa situação apresentada pela obra quase concluída, em face das chuvas que caíram na cidade nos últimos dias e, as confrontando com dados recolhidos em reportagens que ao longo do tempo fizemos a respeito das providências tomadas pelo governo anterior e por este, desde a demolição das instalações que ali existiam, somadas às que fizemos no tempo em que acompanhamos a reconstrução do que se chamou de Revitalização da Praia, concluímos que, realmente, uma série de fatores não permitiram que o tal projeto fosse melhor avaliado e, quem sabe, tivesse corrigidas as falhas que apresentava e delas quase todos tinham conhecimento.
Assim sendo, enumeramos algumas delas: apesar de ser aquele um local destinado também à prática de esportes coletivos, não há no projeto previsão de construção de equipamentos mais que necessários e conhecidos como “vestiários” (masculino e feminino); nos WCs não existem chuveiros ou sequer mictórios; as quadras esportivas não são cercadas por alambrados, tendo sido portanto, na concepção do projeto, esquecida a mínima proteção necessária para outros usuários do parque; a terraplanagem no terreno também não previu a construção de aterro suficiente que permitisse que as edificações se situassem em nível superior ao nível máximo da lagoa; as redes de distribuição de energia e a troca do padrão também não foram contempladas no projeto, assim como a rede de esgoto necessária e… muito mais!
Buscando justificativas para tais “esquecimentos”, nos deparamos com a informação de que o projeto em pauta, elaborado ainda na administração Moacir Ribeiro e certamente concebido às pressas para cobrir exigências de órgãos governamentais que para aqui destinariam os recursos, acabou por razões óbvias, tendo seu andamento paralisado pelo Ministério Público.
A administração atual, “Eugênio Vilela”, sabedora de que os recursos já garantidos se perderiam se não aplicados até o mês de maio de 2017, em março do mesmo ano, conseguiu a autorização do MP para dar continuidade no processo licitatório que estava paralisado e obteve dos financiadores – Ministério do Turismo, Ministério do Esporte e da Setop (estadual) – a ordem para dar início às obras que haviam sido aprovadas de acordo com o projeto a eles, anteriormente apresentado, e para o qual se destinariam verbas a título de fundo perdido (não se trata de financiamento).
Segundo o secretário de Obras, a pressa e o arrocho de prazos não lhe permitiram modificar o projeto. Isto em razão do risco de se perder os recursos e, assim sendo, optou o município em corrigir algumas das falhas durante a execução das obras, a esta altura já licitadas. Assim sendo, minimizou-se o problema relacionado com o rebaixamento da área a ser construída em relação ao nível do lago, executando-se, a título de contrapartida, o levantamento do terreno em cerca de 70 cm. Com isto, minimizou-se a possibilidade de alagamento, embora cientes de que a providência não seria suficiente para permitir a execução de serviços de drenagem necessários.
Como o secretário também esclareceu que a empresa vencedora da licitação se recusou a aceitar aditivo no contrato para construir os equipamentos e serviços antes enumerados e não previstos no projeto, estes agora estarão sendo executados pelo município, por sua conta e risco, conforme afirmou. Imaginamos que a construção dos novos vestiários orçados em cerca de 100 mil, se dê então, num plano (terreno) mais elevado que permita a adoção de medidas em favor de uma drenagem mais eficiente, evitando assim, a repetição do que ocorreu com os quiosques e quadras lá existentes.
Justificando nosso plágio da conhecida frase do repórter Galvão Bueno (pode isto Arnaldo?), acreditamos que em face das respostas do secretário após o questionamento do jornal: “pode isso, Ronaldo?” e da síntese do trâmite burocrático processual a partir da demolição até este instante, nossos leitores tenham condições de melhor entender as razões que permitiram que o velho problema, inundação da praia, não esteja, como se esperava, definitivamente resolvido.

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