O Podemos expulsou o deputado Marco
Feliciano (SP). A decisão foi tomada pelo comando da legenda em São
Paulo por oito votos a zero e foi comunicada ao parlamentar pelo presidente
estadual do Podemos, Mario Covas Neto. A denúncia que originou a expulsão de
Feliciano cita uma série de acusações. Entre elas, estão os gastos de R$ 157
mil referentes a um tratamento odontológico reembolsados pela Câmara, caso
revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“Parece-nos importante destacar que entendemos
por desproporcional e pouco recomendado que em pleno ano de 2019 um parlamentar ainda
se utilize de recursos públicos para fins particulares, vide o caríssimo
tratamento (dentário) feito pelo representado e pago com dinheiro do
povo”, diz parecer do Conselho de Ética do partido.
O deputado terá três dias para recorrer à Executiva Nacional do partido se
quiser reverter a decisão. A expectativa entre dirigentes da
sigla, no entanto, é que ele aceite sair da legenda. Como foi expulso por
decisão do Podemos, Feliciano não perde o mandato, a menos que haja uma ação no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que não deve acontecer.
A saída forçada de Feliciano acontece dentro da estratégia do Podemos de se
afastar do “bolsonarismo” e se firmar como a sigla da Lava
Jato. O partido tem atraído parlamentares da centro-direita descontentes com o
governo e, só no Senado, passou de cinco para dez parlamentares nos últimos
meses – a segunda maior bancada.
Feliciano é um dos principais aliados do presidente Jair
Bolsonaro na Câmara. Além de apoiar a eleição de Bolsonaro, contra o
candidato do seu partido, o senador Álvaro Dias, ele costuma acompanhar o
presidente em compromissos oficiais.
Alguns deputados e senadores, citam fontes da legenda, condicionam a negociação
de migração para a legenda à saída do deputado dos quadros do Podemos. Além do
apoio a Bolsonaro, acusações de assédio sexual, recebimento de propina e
pagamento a supostos funcionários foram citados como justificativas para a
expulsão.
Procurado pela reportagem, Feliciano não respondeu. No início do mês, quando
perguntado sobre o assunto, o parlamentar afirmou que iria respeitar a decisão
da legenda. “Para mim, o que acontecer está bom. Que o eleitor julgue o
caso. Um partido expulsa um deputado por apoiar um presidente da República. Aí,
não tem mais o que fazer”, afirmou, na ocasião.
Fonte: Estado de Minas/Estadão Conteúdo ||