A Polícia Civil de Formiga aderiu à greve estadual desde esta quinta-feira (9). Isso porque durante a assembleia no Clube dos Oficiais, no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a organização, policiais civis e agentes penitenciários não concordaram com a oferta do governo do Estado e anunciaram greve por tempo indeterminado.
No entanto, policiais militares e bombeiros de Minas Gerais decidiram na quarta-feira (8) por fim ao estado de greve. A categoria aprovou a proposta de 98,5% de reajuste escalonado, em seis vezes, até 2015.
A categoria militar acatou a decisão após o governo melhorar a proposta original de reajuste, que era de 97% de aumento até 2015, com salário de R$ 4.021. Com o índice de 98,5%, o salário de um soldado em início de carreira será de R$ 4.098 daqui a quatro anos.
A primeira parcela do aumento escalonado, que seria de 7% em dezembro, passou para 10%, índice antecipado para outubro próximo. Para policiais civis e agentes penitenciários, a mudança privilegiou os interesses apenas dos militares e, por isso, foi rejeitada. ?Pedimos que os vencimentos de escrivães e investigadores fossem equiparados aos dos peritos. Além disso, queremos a igualdade do piso dos delegados com o que é recebido pelos promotores públicos e melhores condições de trabalho. Até agora, o governo não entra em negociação?, disse o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado (Sindipol), Denilson Martins.
Em entrevista ao jornal Nova Imprensa e ao portal Últimas Notícias, o delegado regional da 4ª Delegacia de Polícia Civil (DPC), Edilberto Tadeu Rodrigues, informou sobre a paralisação do órgão em Formiga. ?Estou orientando o pessoal aqui para aderir sim. Vamos diminuir o expediente. No setor de trânsito e habilitação será trabalhado apenas um expediente, na parte da manhã. As ocorrências serão também apenas 50% da carga normal?, explicou.
De acordo com o delegado, para o próximo mês será reduzido também os exames de Carteira de Habilitação. A 4ª Delegacia Regional da Polícia Civil conta atualmente com 30 investigadores, 11 escrivães, 5 delegados, 5 peritos e 2 médicos legistas. ?Será reduzido em 50% os serviços. Essa reivindicação é para a valorização da Polícia Civil e não só para melhores salários. É a legalização e a moralização da Polícia Civil, não temos essa valorização do governo, que deveria dar de modo geral a todas as Polícias Civis no país, principalmente de Minas Gerais?.
Edilberto Tadeu contou que, atualmente, existem de oito a nove mil policias civis em atividade e, de acordo com um estudo feito pelo próprio governo, precisaria de 18 mil para atender à demanda, que é grande. ?Por isso fizemos plantões regionalizados. Não existem mais plantões nas cidades nos finais de semana e à noite, só aqui na sede em Formiga. O pessoal de Arcos tem que se deslocar para cá, Bambuí, Itapecerica. As ocorrências são registradas apenas aqui. Eu não tenho delegados para colocar. Eu tinha um delegado em Bambuí e trouxe para cá, para atender furtos e roubos aqui, não temos efetivo, por isso queremos mostrar para o governo a necessidade disso com essa paralisação e com isso vem também um reajuste salarial descente. O nosso salário é o antepenúltimo do país, menos que o nosso só tem três estados. E aqui é a melhor polícia do país, é o que todo mundo fala. Graças a Deus é a menos corrupta e a mais eficiente, porém a mais desvalorizada?, ressaltou.
A 4ª Delegacia Regional da Polícia Civil abrange as cidades de Formiga, Iguatama, Bambuí, Arcos e Itapecerica.
Outras manifestações
No dia 8 de abril, foi realizada uma mobilização da Polícia Civil e ficou decidido que haveria uma paralisação de parte das atividades nos dias 12 e 13 do mesmo mês. Em Formiga, a delegacia funcionou em escala rotatória e com apenas 30% do efetivo, conforme orientação do Sindicato da Polícia Civil em Minas Gerais. Dentre as reivindicações, estão melhorias das condições de trabalho, que hoje se fazem em locais inadequados, em uma casa alugada pelo Estado; melhoria salarial, que está cerca de 30,19% defasado em relação ao que era pago 6 anos atrás, respeito à carga horária máxima de trabalho de 40 horas semanais, uma vez que os agentes, quando estão de plantão durante a semana, costumam ficar à disposição mais do que o dobro da carga horária estabelecida em lei.

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