O ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, no dia 10.11, filiou-se ao Podemos e fez discurso com tom de apresentação de seu programa eleitoral de candidatura, em uma nova fase do projeto de poder da Lava Jato.

Afirmou: “não tenho uma carreira política e não sou treinado em discursos”. Entretanto, ao pedir exoneração do cargo de juiz para ser Ministro da Justiça, ingressou formalmente na política. Depois, sua saída do Ministério teve ares políticos, com demonstração de rompimento com Bolsonaro para facilitar sua futura vida política.

A seguir, declarou: “sou alguém em que vocês podem confiar”. O ex-juiz já deu mostras de não ser uma pessoa de confiança. Foi considerado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) suspeito, por ter sido parcial nos julgamentos envolvendo o ex-presidente Lula. Nenhum cidadão merece ser julgado por um juiz com postura ilegal de imparcialidade. Todo servidor público é obrigado a cumprir as leis e somente os criminosos fazem as coisas sem obedecer às leis.

Mentiu ao dizer que quando Ministro: “Conseguimos de fato, em 2019, diminuir a criminalidade violenta e enfrentamos para valer o crime organizado”. Na verdade, esses ganhos foram devidos ao trabalho do ex-ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, no governo de Michel Temer.

Disse estar preocupado com a pobreza, a fome, o desemprego, etc, mas a Lava Jato destruiu as empresas da construção pesada nacional e não teve preocupação em condenar somente as pessoas, com isso, empresas foram destruídas e foram perdidos milhares de empregos.

Alegou ter a intenção de fazer tudo dentro da lei e disse: “Nossas únicas armas serão a verdade, a ciência e a justiça”. O caráter de manipulação é grande, pois, quando juiz na Lava Jato, destruiu o Estado de Direito e o devido processo legal.

Logo após, mostra ser a favor da execução de condenação criminal em segunda instância, da independência do Ministério Público, autonomia da Polícia, fim do foro privilegiado, fim da reeleição, criação de uma corte nacional anticorrupção. Importante lembrar Moro, quando Ministro, ter sido a favor da excludente de ilicitude, uma autorização para o aparato policial matar sem punição.

Ao final também mentiu, ao dizer “Vocês sabem que podem confiar que eu sempre vou fazer a coisa certa”, depois de ter sido considerado pelo STF suspeito. Não existe democracia sem obediência ao devido processo legal e ao Estado de Direito. Moro deveria estar respondendo pelos excessos cometidos na Lava Jato, que funcionou por anos como uma justiça paralela. Ele e seu grupo, desde a Lava Jato, têm um projeto de poder, seus julgamentos e pedido de demissão do Ministério da Justiça também fazem parte desse projeto.

Moro mostrou insegurança ao pedir quatro vezes confiança em sua pessoa. Infelizmente, é difícil crer em um ex-servidor público não seguidor das leis e, muito menos, ver ele pleitear cargos elevados da carreira política nacional. Entretanto, tudo é possível em um país onde temos o pior presidente da história.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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