Embora a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) ainda esteja fechando um balanço oficial, a informação, dada por José Gonçalves de Almeida, o Jacó, diretor da entidade, era que, perto das 15h, os principais sindicatos haviam rejeitado a proposta da direção dos Correios para colocar fim à greve que começou no dia 14 de setembro.
Até o momento, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Sergipe, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já recusaram o acordo. Ainda na tarde desta quarta-feira (5), Rio Grande do Sul e Goiás realizam assembleias para decidir a respeito da continuidade da paralisação.
?Eles [RS e GO] têm orientação de rejeitar também. Se tiver um sindicato pequeno que aceite a proposta será muito. Provavelmente, o acordo será rejeitado por ampla maioria, talvez até por unanimidade, porque a proposta é muito ruim?, disse Almeida. Portanto, segundo o diretor da entidade, a greve deve continuar por tempo indeterminado.
Proposta
Na terça-feira (4), a Fentect aceitou o acordo que foi levado para votação em assembleias nesta quarta. O documento precisaria ter o apoio de pelo menos 18 dos 35 sindicatos vinculados à Fentect para passar a valer e, caso fosse aprovado, os funcionários retornariam ao trabalho já na quinta-feira.
O desconto dos dias parados segue sendo o principal entrave para um acordo. Pela proposta da direção dos Correios, feita na véspera, os funcionários teriam seis dias de trabalho descontados a partir de janeiro, sendo meio dia por mês, num total de 12 parcelas. Quem preferir, poderia autorizar desconto em período menor.
A proposta previa ainda pagamento de aumento real de R$ 80 retroativo a 1º de outubro, além de reajuste de 6,87% nos salários e benefícios a partir de 1º agosto. Os funcionários também teriam que trabalhar durante finais de semana e feriados para colocar em dia as entregas atrasadas.
Foram quatro horas de negociações até o acordo ser fechado na terça-feira. Não foi a melhor proposta, mas foi a proposta possível. Depois de 21 dias de greve, os funcionários estavam ansiosos para voltar ao trabalho, disse, na ocasião, o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.
Até a terça-feira, cerca de 136 milhões de correspondências estavam atrasadas no país, segundo os Correios.
Em Minas Gerais
Os funcionários dos Correios de Minas Gerais recusaram na tarde desta quarta-feira (5) a proposta de conciliação feita pelo Tribunal Superior do Trabalho e decidiram manter a greve da categoria no estado, que começou no dia 14 de setembro. De acordo com Jorge Cunha, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares do Estado de Minas Gerais (SINTECT-MG), cerca de 700 servidores participaram da assembleia realizada em frente à sede dos Correios, na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte. Segundo ele, a decisão de manter a paralisação foi unânime.
Os Correios informaram que há aproximadamente 10,5 mil trabalhadores em Minas Gerais e que cerca de 10% dos funcionários aderiram à greve. A porcentagem de cargas entregues pelos Correios é de 90% no estado, segundo informou a assessoria. Para minimizar os impactos da paralisação, estão sendo realizados mutirões de entrega nos fins de semana. Em Minas, circulam diariamente 3,5 milhões de cartas e encomendas postadas.
A reivindicação feita pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) é a reposição das perdas salariais desde 1994, o que equivale a um reajuste de 24% na remuneração dos servidores. Além disso, é pedido aumento linear de R$ 200 e piso inicial de três salários mínimos.

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