Quarenta e três alunos precisaram de atendimento médico após todos eles usarem a mesma agulha para coletar sangue durante uma aula de Práticas Experimentais em Ciências na cidade de Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo. Com isso, muitas dúvidas surgiram sobre o uso de seringas. O médico infectologista Leandro Curi explicou, nesta terça-feira (18), à Itatiaia, os riscos e o que fazer nesse tipo de caso.

Primeiro: as seringas atuais são descartáveis justamente para prevenir riscos biológicos, já que a reutilização delas em outras pessoas expõe ao risco de contaminação por diversos patógenos. “Essa reutilização pode transmitir várias infecções, principalmente virais, como hepatite B, hepatite C, HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas) e HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)”, disse o médico.

Isso porque o vírus pode permanecer no metal ou no interior da seringa e ser injetado em outra pessoa, causando contaminação. “Pessoas podem ter infecções sem saber e ainda assim transmiti-las através da reutilização de seringas”, acrescentou.

De acordo com o especialista, não é recomendável nem mesmo que a mesma pessoa utilize a seringa mais de uma vez. “Ainda que o risco biológico seja menor nessa situação, pode haver resíduos de medicamentos ou líquidos no lúmen da seringa, o que pode causar o entupimento da próxima injeção”, disse.

Quando uma seringa é compartilhada, o ideal é testar todas as pessoas envolvidas para infecções como sífilis, hepatite B e C, e HIV.

“Se a primeira pessoa a usar a seringa tiver alguma infecção, a segunda pessoa deve receber profilaxia para certas doenças como hepatite B e HIV, a fim de evitar maiores problemas e gerar proteção com medicamentos”, disse.

Ao ser questionado se é possível que os mais de 40 alunos do ES estejam contaminados caso um dos estudantes tenha algum tipo de infecção, o médico disse: “É menos comum. Depende da carga de infecção. Mas não dá para dizer que não”.

Se ninguém apresentar infecções após o compartilhamento, a situação pode ser apenas observada.

Investigação
O caso no Espírito Santo aconteceu na última sexta-feira (14) e está em investigação. Segundo relatos dos pais ao G1, a atividade aconteceu para demonstrar como descobrir o tipo sanguíneo. Os alunos têm idades entre 16 e 17 anos e são das turmas da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. O professor responsável pela aula foi demitido e o caso foi encaminhado para a corregedoria da Secretaria de Estado da Educação (Sedu).

Ainda segundo relato dos alunos, muitos deles foram descriminados na escola devido à possibilidade de terem sido infectados. Após a polícia e a Secretaria Municipal de Saúde serem acionadas, os alunos e o professor precisaram passar por testes.

 

Fonte: Larissa Ricci-Itatiaia

 

COMPARTILHAR: