Você costuma vigiar o que o seu namorado faz no mundo virtual? Ou procura espiar o perfil nas redes sociais das mulheres que conhece ou pelas quais tem interesse? Saiba que não está sozinho nessa vigilância. Segundo uma pesquisa da Intel Brasil com mais de 450 internautas brasileiros, 30% admitem que xeretam o parceiro na web.
A estudante de direito Emília (nome fictício), 22, por exemplo, faz da rede uma importante ferramenta para investigar os passos de pessoas que a interessam. É algum cara que eu ?cismo? e não posso perguntar informações diretamente para ele ou tenho vergonha, exemplifica.
Nessa busca, o Google é um poderoso aliado. No site, Emília digita o nome completo ou e-mail do alvo e tem acesso ao currículo, contatos profissionais e até mesmo aos comentários que ele fez em blogs. As pessoas gostam de ter a ideia de que existe privacidade. Mas não é assim. A única coisa que fiz foi colocar o nome completo do cara e o e-mail dele. Está tudo ali, diz.
Em alguns casos, os xeretas são até chamados de stalkers. A palavra em inglês classifica uma pessoa obcecada por outra, que não mede esforços para a vigília constante. Para a psicóloga Heloisa Lasmar, professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), não adianta impedir as pessoas de se vigiarem. O que pode mudar é a pessoa se perguntar por que vigia. Quando isso é demais, a própria pessoa vai saber o quanto vigiar a faz sofrer.
Consentimento
Por outro lado, a xeretagem pode ser consentida e sem grandes problemas para alguns casais. A pedagoga Laila Rosane Batista, 23, por exemplo, entra nos perfis do Orkut e do Facebook para ver as atualizações do namorado, Lucas Graciott, 21, técnico de informática. Se ele adicionar alguém e for mulher, procuro saber quem é, diz.
Lucas, por sua vez, já viu informações que o incomodaram, mas brinca que, atualmente, Laila as esconde bem. Logo que a gente começou a namorar, vi foto do ex dela no Orkut, porque ela não acessava a conta. Pedi para tirar e ela atendeu numa boa, comenta ele, ressaltando que o casal conversa pessoalmente sobre qualquer desconforto provocado no meio virtual.
Diálogo A conversa ao vivo entre o casal é fundamental para eliminar pensamentos maliciosos provocados pela web. Na internet, o que os olhos não veem a fantasia completa, alerta a psicóloga Andréa Jotta, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Se o espião encontrar algo desagradável, a dica da especialista é : Guarde com você essa informação. Não se pode resolver problemas pessoais no ambiente público, orienta. Para ela, saudável é você conseguir aceitar que tem coisa que seu parceiro faz quando não está com você e, ainda assim, respeita o que foi combinado.
Acordo
Segundo a psicóloga, os casais devem criar acordos para não deixarem a vida online virar um problema no relacionamento. Os casais que se formaram antes da virtualidade vão ter que conversar sobre isso, chegar a um acordo sobre o que gostam e o que consideram fidelidade, como em qualquer relação antes da tecnologia, explica.
Esse combinado está funcionando bem para a advogada Maria Carolina Rossi, 32, e para o marido Igor Viana, 36, administrador. Casados há sete anos, Igor criou seu perfil no Facebook há seis meses e a esposa faz uso da conta para conversar com as amigas. Temos um pacto de não adicionar ninguém diferente, que eu não conheça. Não sinto ciúmes, pois é tudo monitorado, brinca ela. Igor concorda e segue à risca o acordo. Ela pode monitorar à vontade. Não faria nada que fosse incomodar, prejudicar o casal, diz.

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