Uma prática muito comum e corriqueira tem se repetido com certa frequência ultimamente, talvez em razão de estarmos às véspera de ano eleitoral.
Não deixa de ser estranho o comportamento de certos parlamentares, o qual consiste na arte de se antecipar ao público a informação sobre a execução de certas obras para, quem sabe, assim agindo, atrair para si as honras (se é que há algo de honroso nisto) pelo atendimento desta ou daquela reivindicação, que eles imputam como tendo sido de iniciativa própria.
Por exemplo; quando um vereador destes que frequentam habitualmente os gabinetes da administração, descobre a possibilidade de liberação de verba destinada ao asfaltamento de ruas em determinado bairro, na primeira oportunidade, lá na Câmara, naquela hora regimental de se registrar os tais pedidos de providência, ele encaminha e enfaticamente cobra do Executivo, a imediata execução da tal “obrinha” para que, se tudo sair como previsto, venha a ser lembrado pelos eleitores, como o “pai daquela criança”.
E esta lengalenga, reconhecida pelo público como algo do tipo “me engana que eu gosto”, não é exclusividade das câmaras municipais já que também se repete lá nas esferas estaduais e federais.
Esta semana mesmo, por aqui, no palanque formado para se festejar oficialmente a inauguração de uma grande obra herdada e quase concluída pela administração anterior, um deputado anunciou como se dele fossem os méritos, a chegada de verbas do governo estadual, destinadas à execução de outras obras e serviços, realmente pleiteadas e de grande importância, para a melhora no atendimento e no funcionamento de algumas escolas públicas estaduais.
Interessante notar que, par e passo, em almoço comemorativo de encerramento das atividades do ano, realizado no dia seguinte, diretores de algumas das escolas agraciadas, ao serem consultados a respeito, agradeceram ao Governo do Estado e ao mesmo tempo, nos confidenciaram desconhecer qualquer ação do respeitável deputado, em favor daquela justa reivindicação.
E mais que isso, bastou que os escribas pagos com o dinheiro público municipal registrassem em seus blogs ou páginas, digamos, quase oficiais, as fotos de nosso alcaide com o “pseudo-pai da criança”, creditando-lhe os méritos da obtenção dos recursos, para que um conhecido formiguense que trabalha diretamente com o governador, reconhecido como sendo um de seus mais competentes e diligentes colaboradores, detentor de cargo de grande relevância, de pronto noticiasse em um grupo local da mídia eletrônica, em bora hora, seus agradecimentos ao governador pelo atendimento da reivindicação, agora transformada em realidade, incluindo-nos na lista das cidades beneficiadas com o envio das cobiçadas verbas.
Com a polidez, muita educação, lucidez e a eficiência de sempre, o nosso Dr. Sheldon, nos parece, deixou bem claro e de público, por influência de quem e como, as reivindicações dos diretores de nossas escolas repercutiram no Palácio, a ponto de sermos preferencialmente atendidos pelo senhor governador de Estado.
Pois bem, voltando ao pronunciamento no palanque, entendemos que ao prefeito, é claro, na condição de anfitrião e sendo político de grande experiência, não cabia desmentir em público (no palanque) a seu convidado de honra. E, aproveitando o ensejo, deixamos também aqui registrado, nosso repúdio pelo estranho comportamento do prefeito e dos que fizeram uso da palavra naquela cerimônia, pelo fato mais que notado quando nenhum deles, ou seu cerimonial, ao que parece, se lembraram de convidar ou de incluir em suas falas, qualquer menção por menor que fosse, à pessoa ou ao nome de quem, de fato, trabalhou e muito, para que aquela obra agora entregue ao uso do público, ainda que desvirtuada momentaneamente da função original, pudesse estar acontecendo.
Rendemos aqui, todas as honras a eles: ao alcaide de então e ao atual que apesar do atraso considerável, ainda conseguiu “em boa hora”, ao menos para os que eram obrigados a sofrer nos bancos frios e insalubres, pela longa espera de atendimento no antigo PAM.
Finalmente lhes é entregue e liberadas as modernas, limpas e confortáveis instalações deste novo prédio público.
Torçamos para que em breve, se Deus assim quiser, ali funcione como foi concebida e como determinam as normas, uma UPA, seja ela de que tipo ou categoria venha a ser aprovada pelos órgãos competentes.
Que além da parte física – prédio, móveis, instalações e equipamentos – ela disponha também de um quadro eficiente e bem remunerado de médicos, enfermeiros e demais servidores indispensáveis à tão importante prestação de serviços públicos.
Mas, pelo sim pelo não, você que se dispôs a ler até aqui este nosso despretensioso relato, saiba que em 2016, ano eleitoral, muita “criança nova” ainda será igualmente a esta, entregue ao público. Quando isto ocorrer, para elas também, não faltarão pais. Isto é do jogo político, é cultural, dirão alguns.
Mas, a nós, beneficiário delas, pouco nos interessa quem as conseguiu ou obteve verbas para sua execução, até porque, toda obra, toda “benesse” ainda que nos entreguem como presentes de governo, não nos esqueçamos, é financiada com recurso público que, em última análise, é composto pelos caraminguás que somos obrigados a recolher a toda hora, como impostos e taxas. Estes existem exatamente para que eles, os que dizem nos governar, os devolvam a nós, sob a forma de prestação de serviços ou de manutenção e/ou construção destas tais “obronas ou obrinhas” que alguns políticos, nem todos é claro, insistem em rotular como sendo de suas autorias ou pior, como se fossem de suas propriedades!
Na hora de votar, não se esqueça de que estes que de alguma forma tentam comprar nossos votos com enganações como as acima descritas, quando o fazem é por meio de recursos que saem de nosso próprio bolso.
Ou seja, é você mesmo quem paga pelo “presente” que muitos afirmam estar nos “doando”. É na urna que se cobra contas desta natureza. Não se esqueça!