Um estudo publicado na revista científica “Nature” nessa quinta-feira (10) demonstrou que reinfecções por Covid-19 aumentam o risco de morte, hospitalização e desenvolvimento de sequelas em múltiplos sistemas de órgãos.

Embora amplo, o público pesquisado é formado por pacientes mais velhos, na faixa dos 60 anos, e geralmente homens, o que não reflete a população em geral.

De acordo com a pesquisa liderada por Ziyad Al-Aly e uma equipe da Universidade de Washington, quando comparadas com um grupo de não infectados, as pessoas que tiveram várias infecções apresentam um risco cumulativo para a saúde. Ou seja, quanto mais infecções, mais chances de desenvolver Covid longa.

Entre as sequelas apontadas estão problemas pulmonares, cardiovasculares, gastrointestinais, renais, psicológicos e neurológicos, além de diabetes. De acordo com os pesquisadores, “os riscos foram evidentes independentemente do estado vacinal”.

O estudo comparou 443.588 pessoas com uma única infecção com 40.947 que tiveram reinfecções. Dos reinfectados, 37.997 tiveram duas infecções, 2.572 tiveram três infecções e 378 sofreram quatro ou mais infecções. Todos foram acompanhados durante seis meses depois da última infecção ou reinfecção.

Para aqueles que contraíram a doença apenas uma vez, a taxa de mortalidade é de 16,77 a cada 1.000 pessoas. Já para os reinfectados, a taxa saltou para 36,10 a cada 1.000 pessoas, ou seja, mais do que dobrou. A chamada fase aguda, que compreende os 30 dias após a infeção, é o período mais crítico. No caso das hospitalizações, a taxa triplicou entre os reinfectados.

Eles também tiveram riscos elevados para problemas nos pulmões, coração, sangue, rins, ossos e músculos, além de diabetes, questões de saúde mental e desordens neurológicas.

“Mesmo se a pessoa tiver tido uma infecção prévia e sido vacinada, o que significa que tem uma dupla imunidade da infecção anterior e mais as vacinas, ela ainda está suscetível a resultados adversos ao se reinfectar”, disse Al-Aly.

Limitações do estudo

Apesar de a amostragem de pacientes ser considerada expressiva, que contou com os bancos de dados de saúde do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, os pesquisadores reconhecem que a maioria das pessoas eram homens brancos e na faixa etária de 60 anos, o que é apenas um recorte específico e não representa toda a complexidade da realidade.

Especialistas não envolvidos no estudo ponderam ainda que, entre os veteranos, geralmente, tem mais idosos e pessoas doentes do que na população geral.

Além disso, outra conclusão dos pesquisadores é que para reduzir a carga geral de morte e doença pelo SARS-CoV-2 será necessário desenvolver estratégias para prevenção de reinfecções.

Covid longa

Um estudo holandês publicado em agosto apontou que um em cada oito adultosinfectados com o vírus Sars-CoV-2 experimenta sintomas de Covid longa, que é quando um ou mais sintomas persistem quatro semanas após a infecção.

A pesquisa descobriu que vários sintomas eram novos ou mais graves três a cinco meses depois de a pessoa ter tido Covid-19, em comparação com os sintomas antes da infecção e grupo controle (que não positivou para o vírus). Os principais sintomas registrados foram:

  • Dor no peito
  • Dificuldade respiratória
  • Dor ao respirar
  • Dor nos músculos
  • Perda do tato/cheiro
  • Formigamento das mãos/pés
  • Nódulo na garganta
  • Sensação alternada de frio/calor
  • Braços e pernas cansados
  • Cansaço geral

Outro estudo, baseado em dados de pesquisas e registros eletrônicos de saúde no Reino Unido, revelou que ser mulher, apresentar problemas de saúde em geral antes da pandemia, ter entre 50 e 60 anos, sofrer de asma e ter sobrepeso ou obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento da Covid longa.

 

Fonte; G1

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