Dados divulgados pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) mostram que as autoescolas terão grande dificuldade de cumprir a meta de aprovar o mínimo de 60% dos alunos nos exames de direção e legislação. Nada menos que 58% dos candidatos foram reprovados no teste de direção em 2009. O número é alto se comparado às estatísticas de Estados vizinhos, no mesmo período. No Espírito Santo, por exemplo, 45% dos candidatos foram reprovados nas provas de rua, enquanto no Rio de Janeiro o índice é ainda menor: 42,5%.
No exame teórico (prova de legislação), a reprovação em Minas em 2009 foi quase o dobro da registrada no Espírito Santo, sendo 41% e 22%, respectivamente. O Rio de Janeiro não informou os dados.
A aprovação de pelo menos 60% dos alunos passou a ser pré-requisito para que as autoescolas consigam renovar o credenciamento junto ao Detran. Ontem, após reunião com o Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores de Minas Gerais (Sipro-CFC-MG), o delegado Anderson França, do Detran-MG, disse que a melhor saída para o problema é a diminuição da meta.
Porém, caso a proposta não seja aceita pelo Denatran, outra solução apontada por ele seria o aumento da carga horária mínima nas aulas de direção (atualmente são exigidas 20 horas/aula para que o candidato possa realizar o exame de rua).
Ou se diminui a meta ou se aumentam as aulas de direção. O que não dá é para aceitar a situação como está. As autoescolas não vão conseguir atingir os 60%, disse o delegado, que em novembro terá uma reunião com técnicos do Denatran, em Brasília, quando apresentará a proposta.
O presidente do Sipro-CFC-MG, Rodrigo Fabiano da Silva, disse que as causas do alto índice de reprovação em Minas são a defasagem na metodologia do processo de tirar a carteira e a rigidez dos examinadores. Aliado a isso, ele aponta as atitudes corruptas de alguns profissionais envolvidos no processo de concessão de habilitação também como fator de reprovação. Tinham que reformular todo o processo de habilitação e não cobrar das autoescolas metas impossíveis, afirmou.
Postura de fiscais incomoda
A sargento da Aeronáutica Gisele Santos Fonseca, 24, precisou se submeter a dois exames de direção para conseguir tirar a carteira de motorista, após uma reprovação. Em ambos, ficou nervosa, o que ?atrapalhou um pouco?. Porém, a postura dos examinadores na primeira prova foi determinante para o resultado negativo, segundo a jovem.
?Achei que os examinadores me pressionaram muito durante o exame. Eles comentavam tudo o que eu fazia, o que me deixou mais nervosa ainda. Eles foram altamente críticos comigo dentro do carro e acredito que isso foi para me prejudicar?, contou.
Para Gisele, deveria haver um padrão na postura desses profissionais com os candidatos. ?Não existe um padrão de avaliação dos examinadores. Uns são legais, outros são sem educação e muito críticos. Eles deveriam ter o mesmo padrão de postura para não parecer que estão favorecendo uns e prejudicando outros?, sugere.
A dona de casa Adriana Ferreira, 25, que também passou apenas no segundo exame, disse que se sentiu intimidada pelos examinadores no segundo exame. ?Apesar de eu ter passado, fiquei receosa com os examinadores. Eles quase não me olharam na cara e não conversaram comigo. Eram muito sérios?, disse.

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