O incêndio
Dois adolescentes de 14 e 15 anos e o um jovem, Vinicius de Oliveira, de 18, ficaram gravemente feridos, nessa sexta-feira (27), durante um motim na cadeia de Arcos. Segundo testemunhas, o jovem de 18 anos, que já havia tentado suicídio outras vezes, ateou fogo nos colchões da cela em que estava preso com mais dois adolescentes.
Segundo testemunhas o fogo começou por volta das 13h30, mas as vítimas só foram socorridas ás 14h30, quando o fogo já havia se extinguido naturalmente.
Os ocupantes da cela sofreram queimaduras por todo o corpo e foram transferidos para a Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. De acordo com informações do médico Paulo César Rangel todos três sofreram queimaduras em mais de 50% do corpo e corriam risco de morte.
Investigação
Conforme nota divulgada pela assessoria da Polícia Civil, quatro pessoas já foram ouvidas sobre o caso: dois policiais militares, um agente penitenciário e um detento que estava na cela ao lado.
A Polícia Civil quer saber porque a demora em socorrer as vítimas e por que não havia ninguém de guarda no momento.
Antes da transferência para a capital, sexta-feira, os jovens teriam dito a parentes que gritaram por mais de uma hora por socorro, mas não foram atendidos. O carcereiro havia saído para almoçar e cumprir tarefas burocráticas. Um policial militar, que fazia guarda em uma guarita, teria se recusado a sair do posto, pois estava sozinho. Ele justificou ao agente de polícia Eduardo Cunha, lotado na Delegacia de Formiga, que temia abrir a cela sozinho, pois os apelos podiam ser uma tentativa de enganá-lo e iniciar uma rebelião.
?Conversei com ele (o militar) rapidamente e ele disse que poderia ser um ?cavalo doido??, explicou, referindo-se ao termo usado para classificar o golpe. O agente estava na cidade, no fim da manhã, cuidando da transferência de presos e conta que, por volta do meio-dia, deixou a cadeia pública na companhia do carcereiro, que almoçaria e levaria documentos à PUC Minas. Segundo ele, as chaves ficaram no local.
A Cadeia
A unidade prisional, que abriga 90 detentos em espaço para 60, não tem extintores ou hidrantes. A água de uma ducha, instalada no canto da cela, não foi suficiente para apagar o fogo. A unidade mais próxima do Corpo de Bombeiros fica em Divinópolis, a 100 quilômetros de Arcos.
Duas vítimas fatais
Dois dos três jovens feridos em incêndio na cadeia pública de Arcos, na Região Centro-Oeste de Minas, morreram no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, vítimas de complicações causadas pelas queimaduras. Os médicos constataram os óbitos de Vinícius Alves de Oliveira, de 18 anos, às 22h35 de sábado; e de Cláudio Galdino Ferreira Júnior, de 14, às 4h de ontem. Eles serão enterrados hoje, na cidade, em meio à revolta de amigos e familiares, que acusam os funcionários da unidade prisional, administrada pela Polícia Civil, de omissão.
Até o início da noite de ontem, o terceiro jovem ferido, de 15 anos, permanecia internado, em estado grave, no centro de terapia intensiva (CTI) do Pronto-Socorro João XXIII. De acordo com funcionários do hospital, ele tem poucas chances de sobreviver. Sofreu queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus em 45% do corpo e respira com a ajuda de aparelhos.
Saiba todos os detalhes sobre o incêndio na Cadeia Pública de Arcos e a morte de duas das vítimas
Dois dos três adolescentes que ficaram presos em uma cela em chamas na cadeia de Arcos morrem no HPS, de Belo Horizonte. Estado de saúde do único sobrevivente é grave