Enquanto deputados federais e senadores brigam na Justiça pelo direito de receber os chamados supersalários (benefícios acumulados cujos valores ultrapassam o teto de R$ 26, 7 mil).Nos últimos dez anos, a remuneração nominal dos congressistas cresceu mais do que o dobro em relação à de determinadas categorias profissionais consideradas representativas e bem estruturadas em sindicatos.
Em 2001, deputados e senadores recebiam subsídios de R$ 8.280. Em dez anos, esse valor mais do que triplicou, sem contar os muitos penduricalhos, alcançando R$ 26,7 mil (aumento de 222,4%). O último reajuste ocorreu neste ano, quando, de uma só vez, o crescimento foi de 61,8% – desde o aumento anterior, em 2006, a inflação acumulada no período não superava os 20%.
Enquanto isso, os pisos nominais das cinco categorias pesquisadas – bancários, metalúrgicos, rodoviários, comerciários e professores da rede particular – tiveram variações entre 101,8% e 138,5%.
Quando a base de comparação é o salário mínimo, que costuma ter ganho real – cresceu 202,7% no período -, os vencimentos dos parlamentares evoluíram em uma proporção vinte pontos percentuais maior (veja exemplos abaixo).
Dentre as categorias contempladas, a que obteve o menor aumento foi a dos educadores da rede privada. Conforme o Sindicato dos Professores de Minas Gerais, o piso cresceu de R$ 482,58 para R$ 973,98 – uma variação de 101,8%. Em seguida, aparecem os rodoviários (110,2%), e os bancários (114,4%) de Belo Horizonte e região metropolitana.
Os comerciários obtiveram o melhor reajuste, com um aumento de 138,5% – de R$ 280 para R$ 668 -, seguidos dos metalúrgicos, cujo piso cresceu de R$ 378 para R$ 880 (132,8%).
Custo elevado
Os subsídios são apenas um dos fatores que fazem do Legislativo brasileiro um dos mais caros do mundo. Segundo o site Congresso em Foco, o valor total embolsado por um parlamentar ultrapassa os R$ 100 mil mensais, sem contar a incorporação de cotas e serviços a que todos têm direito por força da legislação.
Em 2007 – antes, portanto, do último aumento – a ONG Transparência Brasil comparou o orçamento do Congresso brasileiro com os de Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, México e Portugal. A conclusão foi de que a Casa no Brasil só não era mais cara que a dos Estados Unidos e chegava a custar o triplo quando comparada à da França.
Benefícios sem fim
Além do salário, os congressistas contam ainda, todo mês, com os seguintes benefícios:
– Verba indenizatória de até R$ 15 mil
– Verba para transporte aéreo de até R$ 27 mil
– Cota de até R$ 1.000 para telefone fixo e ilimitada para celular
– Auxílio-moradia no valor de R$ 3.800
– Verba de R$ 520 para a compra de combustível
– Cotão de até R$ 35, 5 mil para custear fretamento de aeronaves, combustível, assinaturas de publicações, entre outros gastos.

*Fonte: Site Congresso em Foco, com base em dados da Câmara, do Senado e da ONG Transparência Brasil.

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