Os taxistas que circulam por Belo Horizonte trabalham, em média, 13 horas por dia, de acordo com uma pesquisa realizada pelo site discutindobh. O levantamento evidenciou também que metade da frota de táxi da capital é conduzida por auxiliares, parcela de motoristas que alugam as placas dos permissionários e, por esse motivo, são obrigados a trabalhar em excesso.
Segundo dados da Associação dos Condutores Auxiliares de Táxi (Acat), a diária média por 24 horas em um táxi custa R$ 140 para a categoria. O sindicato estima que são necessárias 12 horas de trabalho diárias para que o taxista pague a despesa.
Há 40 anos na praça, o taxista Oldak Eustáquio Alves, 62, sonha em conseguir uma placa para trabalhar por conta própria. Ele roda cerca de 15 horas por dia, de segunda a domingo, para pagar os R$ 120 da diária do veículo. Outros R$ 70, em média, são gastos com o combustível. Para Alves, mesmo com tanto trabalho, só é possível tirar, por mês, R$ 1.200 para o sustento.
Fiz os cálculos e já paguei R$ 1,5 milhão de diárias desde que comecei a trabalhar. Não estou aguentando mais, afirmou. Ele espera que a licitação aconteça o mais rápido possível para concorrer a uma permissão.
Há 27 anos dono de uma placa vermelha, o taxista José Alves, 63, diz trabalhar até 15 horas por dia para conseguir faturar R$ 5.000 por mês. Ele chegou a dividir o veículo com motoristas auxiliares, mas contou que a experiência não foi bem-sucedida. Eles não tinham cuidado com o meu carro. Prefiro dobrar a deixar alguém acabar com o meu táxi, afirmou. O permissionário comprou a placa em 1984 e está apreensivo com a licitação. Comprei e regularizei o meu táxi em todos os órgãos de trânsito. Só falta agora eles acharem que não tenho direito, disse.
O levantamento foi realizado a pedido do vereador Joel Moreira Filho (PTC) para verificar a real necessidade de licitações para o fornecimento de novas placas na cidade. Foram 301 taxistas entrevistados, o equivalente a 5% do total, em todas as regiões de Belo Horizonte, entre os meses de setembro e outubro deste ano. Acreditamos que novas placas de táxis serão importantes, não apenas para a população, mas também para os condutores auxiliares, que terão suas próprias licenças, ressaltou o vereador.
De acordo com a pesquisa, 40% dos taxistas afirmam que a frota é insuficiente para atender à demanda na capital mineira. A informação também é reconhecida pelo presidente da Acat, José Estevão de Jesus. Ele espera que mais veículos sejam licitados para que os motoristas auxiliares possam ter as suas permissões. Não tenho a média salarial de um auxiliar, mas é preciso muito trabalho para fazer um salário mínimo, explicou o representante da categoria.
O presidente do Sindicato Intermunicipal dos Taxistas (Sincavir), Dirceu Reis, não foi encontrado para falar sobre a pesquisa.
Motoristas pagam até R$ 140 por dia de aluguel do carro aos permissionários.
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