No final da semana passada, foi encerrada a reunião de primavera de 2018 do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, nos EUA. A boa notícia é que o ciclo de expansão da economia mundial, iniciado no segundo semestre de 2016, continua firme e generalizado. O crescimento global é o maior desde a crise financeira de 2008/2009. Depois de atingir 3,2% em 2015 e 2016, o mundo cresceu 3,8%, no ano passado – taxa mais alta desde 2011 –, e deverá crescer 3,9% neste e no próximo ano, superando estimativas anteriores do FMI. As forças impulsionando essa aceleração derivam das condições favoráveis de crédito do mercado financeiro, permitindo mais investimentos, e do aumento do comércio internacional. A expansão mais rápida dos países da área do euro, do Japão, da China e dos Estados Unidos vem estimulando o crescimento global.
A má notícia, no entanto, é que essa janela de oportunidades se fechará em 2020. Dos legados deixados após a crise de 2008/2009, a política monetária expansionista nos EUA e na área do euro chegou ao fim. Os países industrializados estão retomando políticas monetárias mais restritivas, elevando as taxas de juros, contendo o crédito, causando oscilações e maior estresse nos mercados de ativos e, em consequência, desestimulando os investimentos. A política fiscal expansionista nos EUA conduzirá sua economia ao pleno emprego, pressionando a inflação. Segundo o FMI, ajustes macroeconômicos provocarão o desaquecimento dessas economias já em 2020, com impacto negativo mundo afora.
Ademais, o envelhecimento da população economicamente ativa e a queda da participação de jovens adultos no mercado de trabalho, combinada com a redução na produtividade total dos fatores, limitarão substancialmente o crescimento das economias industrializadas.
Para agravar o cenário futuro, políticas protecionistas, criando barreiras ao comércio internacional, riscos geopolíticos e desconfiança na capacidade das autoridades públicas de tomar as decisões corretas na economia são ameaças reais ao crescimento global.
Para o Brasil, que já havia perdido a janela de oportunidades de 2004 a 2010 para fazer reformas que protegessem sua economia das flutuações externas, e que, afundado em sua crise interna, deixou passar também 2017 e 2018, resta a possibilidade final de 2019, primeiro ano do próximo governo, para tomar as medidas certas.
É uma ilusão imaginar que o mercado interno, isoladamente, será suficiente para garantir o crescimento da economia. A experiência recente demonstrou o fracasso dessa opção. É, também, outra ilusão imaginar que a retomada atual será automaticamente sustentável.
Se o país quiser continuar crescendo, mesmo em ambiente externo adverso, há uma ampla, complexa e conhecida agenda de reformas para equilibrar as contas públicas e melhorar a eficiência da economia. Mas não basta elencar as reformas, é necessário saber como desenvolver uma estratégia para sua implementação, elegendo prioridades, estabelecendo metas e prazos para aprová-las e dizendo francamente à população quais serão seus efeitos sobre a economia e o emprego.
Enfim, competências política e técnica serão condições fundamentais para o sucesso de um programa de reformas. O Brasil precisará eleger um presidente que tenha legítima liderança, integridade e experiência política para conduzir a economia.
Se deixar fechar a janela de oportunidades em 2019, o país continuará com pífio crescimento e crises, cujas consequências são imprevisíveis.

 

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