Pelo menos três mineiros são vítimas de estelionatários por hora. Só de janeiro a maio deste ano, 14.054 queixas foram registradas na polícia. O mais novo golpe mira clientes de TV por assinatura. Com acesso às informações de quem pede a mudança de operadora, criminosos usam o nome da empresa para obter dados pessoais e conseguir vantagens financeiras.

Os casos são investigados pela Polícia Civil. Segundo relatos, o consumidor, ao solicitar o serviço e agendar o horário de instalação na residência, recebe a ligação de um suposto funcionário cancelando o atendimento.

Horas depois, novo contato é feito para solicitar dados como o número e a bandeira do cartão de crédito do cliente. A alegação é que a habilitação da TV a cabo será feita sem a necessidade de um técnico ir até a casa. Ao menos 31 pessoas em Minas Gerais denunciaram o crime à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em 2018. Em todo o país já são 292 casos.

Chefe da Divisão Estadual de Investigação de Fraudes, o delegado Rodrigo Bustamante não descarta a participação de funcionários das próprias operadoras no esquema. “Eles detêm essas informações (pedidos feitos pelos clientes)”, frisa.

Desconfiança

Por pouco, uma moradora de Belo Horizonte, que pediu para não ser identificada, caiu no golpe. Recentemente, a mulher mudou a operadora do serviço de TV. Dias após agendar a instalação do equipamento, recebeu a ligação de uma suposta funcionária da Vivo dizendo que o procedimento havia sido cancelado. “Achei estranho. Estava marcado para o dia seguinte, e a atendente falava como se fosse naquele dia”.

Mais tarde, novo telefonema. “Dessa vez, pediu dados pessoais e o número do meu cartão de crédito, e informou que o suporte seria remoto. Não passei as informações. A mulher insistiu, disse que eu seria prejudicada, mas me recusei. Quando liguei para a Vivo, me falaram que se tratava de uma fraude”.

Responsabilidade

Ainda de acordo com o delegado Rodrigo Bustamante, a operadora também pode ser responsabilizada pelo ato criminoso. “É dever dela manter em segredo os dados do cliente”, pontuou. A Anatel reforça que as empresas devem assegurar a privacidade dessas informações, conforme prevê a lei.

Furto de sinal

Além de usar os dados dos consumidores para compras e outros tipos de fraudes, os bandidos podem usar a estratégia para desviar o sinal da TV a cabo, destaca Bustamante. Nessa situação, a vítima depara com valores mais altos sendo cobrados na conta. Em caso de ter sido alvo dos falsários, a Anatel orienta o cliente a registrar reclamação na própria operadora. Se a demanda não tiver sido resolvida, a agência pode ser acionada.

Por nota, a Vivo garante que “revisa constantemente suas políticas e procedimentos de segurança na busca permanente pelos mais altos controles no acesso às informações dos seus clientes”. A empresa disse que funcionários não abordam usuários do serviço, seja por meio de ligação ou mensagem no celular, para informar sobre prêmios ou solicitar dados de cartões e depósitos bancários.

Já a Net, que também foi citada pela consumidora que quase se tornou uma vítima, afirma dispor de sistemas de segurança para coibir fraudes. Assim como a Vivo, diz que não telefona para os consumidores pedindo informações pessoais.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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