A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estuda um sistema de bônus para alunos de escolas públicas para o próximo vestibular, que será realizado no fim deste ano. De acordo com a coordenadora geral da Comissão Permanente do Vestibular, Vera Lúcia Resende, o sistema de cotas para alunos de escolas públicas está descartado, mas a comissão pretende conceder um percentual de aumento na nota das provas do vestibular para esses candidatos.
Se o bônus acertado for, por exemplo, de 10%, o candidato que tirar 80 na prova fica com nota 88, tendo mais chances de ser aprovado, explicou. Ela ressalta que os requisitos que serão exigidos ainda estão sendo analisados, bem como se será concedido em uma ou nas duas etapas do vestibular. A princípio, o aluno deve ter estudado os últimos sete anos em escola pública, ou seja, os três anos do ensino médio e outros quatro do fundamental.
A UFMG não considera que o bônus seja um sistema de cotas. A medida, segundo informações do Departamento de Comunicação, foi tomada a partir de um censo socioeconômico e étnico dos estudantes de graduação feito pela pró-reitoria. O resultado apontou o histórico dos estudantes de escolas públicas que já estavam dentro da universidade. Ao estudar o projeto, dirigentes da UFMG visitaram outras universidades do Brasil para conhecer o sistema de inclusão social. Conforme o departamento, o plano apresentado ontem não foi espelhado em nenhuma outra instituição, mas é parecido com o que funciona atualmente na Universidade de Campinas (Unicamp).
A proposta foi aprovada na Câmara de Graduação e agora segue para o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e para o Conselho Universitário. Se aprovado nas outras duas instâncias, entra em prática ainda para o próximo vestibular. Não há expectativa de quando o projeto final será divulgado.
Vera Resende afirma que essa medida visa aumentar a inclusão social dentro da universidade, já que, em 2007, 30,8% dos alunos que ingressaram na UFMG foram oriundos de escolas públicas. Em 2006, esse percentual foi de 35,3%. Esse número varia muito de acordo com o curso. Em pedagogia noturno, por exemplo, encontra-se um número expressivo de ex-alunos de escolas públicas, enquanto que 92% dos formandos em direito neste ano vieram de instituições particulares, explicou a coordenadora.

Ampliação

Para este ano, ainda está prevista a construção de três centros de atividades didáticas dentro do campus Pampulha. Os locais abrigarão salas de aulas e laboratórios dos novos cursos e das novas turmas dos cursos já existentes, que serão expandidos. As construções fazem parte da infra- estrutura do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que vai abrir cerca de 1.200 novas vagas na UFMG em 2009 e 2.101 novas vagas a partir de 2011. Para o ano que vem, serão 19 novos cursos e em quatro anos serão 31.
De acordo com a coordenadora do Reuni na UFMG, Ana Starling, o governo federal já liberou 70% dos R$ 14 milhões em recursos previstos para este ano para a implantação do programa. Segundo ela, ainda em 2008 será realizado um concurso público para a contratação de 406 professores e 500 servidores técnicos administrativos que vão trabalhar nas unidades de Belo Horizonte e de Montes Claros, no Norte de Minas, onde será montado um núcleo agrícola, com novos cursos voltados para o agronegócio.

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