A divulgação dos resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) reacende a discussão sobre a qualidade dos cursos superiores no país. Em Minas Gerais, de acordo com as notas divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC) na semana passada, 20% dos cursos tiveram notas 1 e 2, consideradas insuficientes pela pasta. Em todo o Brasil, o índice foi de 30%.
O Enade avalia os conhecimentos dos alunos de grupos específicos de cursos. A cada três anos, esse mesmo conjunto de habilitações é submetido à prova. De acordo com o MEC, o exame não é suficiente para fechar um curso, mas o índice obtido no Enade combinado com outros critérios, pode suspender um novo vestibular para a modalidade ou barrar a abertura de novas vagas.
Dentre os 688 cursos de instituições de ensino superior mineiras, oito não conseguiram passar da nota 1 no Enade ? a nota máxima possível é 5. Um deles foi o curso de Direito da Faculdade de São Lourenço, na cidade de mesmo nome, na região Sul.
Aristides dos Santos, 38, formou-se na instituição no fim de 2012 e fez o exame. ?Esse tipo de resultado prejudica a reputação do curso?, afirmou. Para o ex-aluno, o baixo índice é ruim, ainda mais para os alunos que estão no curso atualmente. ?Pode prejudicar os estudantes que têm bolsa na faculdade ou mesmo dificultar que eles consigam um intercâmbio estudantil?.
Já Fábio Callerani, 33, também se formou em 2012 no mesmo curso e acredita que o problema foi na elaboração da prova. ?As questões estavam muito mal formuladas?. Por causa disso, muitos colegas teriam se sentido desmotivados.
?Atribuo a nota ruim a um manifesto dos alunos contrários à prova?, disse o coordenador do curso à época, Rony Amaral.

Caminho
A nota do Enade compõe o Índice Geral de Cursos (IGC), juntamente com o Conceito Preliminar de Curso (CPC). A nota abaixo da média no Enade pode suspender um curso quando, por exemplo, no CPC, a faculdade apresentar o que o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) chama de ?tendência negativa? ? permanecer com nota 1 por dois anos consecutivos.
De acordo com o Inep, isso se deve ao fato de o CPC ser uma análise mais completa da habilitação, pois considera o corpo docente, a infraestrutura e o programa pedagógico da habilitação.
Quando o curso é suspenso, o MEC firma um acordo com a faculdade, para que ela melhore todo os requisitos avaliados pelo IGC. É estipulado também um período variável para que a instituição se readeque. Depois desse prazo, uma comissão do Ministério vai à faculdade para reavaliá-la e decide se a habilitação poderá voltar a ofertar vagas ou novo vestibular.

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