A Secretaria Municipal de Saúde enviou nota à imprensa esclarecendo sobre o surto de catapora em Formiga. O assunto foi destaque nas últimas semanas na mídia local e nacional.
A secretaria receberá, do Ministério da Saúde, a vacina para o bloqueio do surto. O número de doses a ser recebida será de acordo com a quantidade de notificações e serão destinadas a crianças que frequentam creches públicas e privadas, na faixa etária de 9 meses a 5 anos, 11 meses e 29 dias de idade, que tiveram contato com casos recentes da doença.
Não é necessário que pais ou responsáveis compareçam à Secretaria de Saúde para solicitar a vacina, uma vez que a cada nova notificação de caso, o Setor de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde fará contato nas creches para identificação do número de colegas não vacinados e de gestantes e efetuará a imunização.
Óbitos
Segundo consta das fichas de notificação dos agravos, as duas crianças que evoluiram para óbito apresentaram complicações hemorrágicas e neurológicas, condições que, segundo a médica Regina Coeli, referência técnica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, são condições com alto risco de letalidade.
Situação epidemiológica da varicela
No Brasil, a varicela não é uma doença de notificação compulsória, embora os surtos devam ser notificados às secretarias municipais e estaduais de saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e realizada a investigação de casos graves e óbitos.
De acordo com a Secretaria de Saúde, no ano de 2010, em quase dois meses de surto epidemiológico de catapora, foram contabilizados 47 casos no município de Formiga. Em 2011, após um mês e doze dias do surto, o número de casos subiu para 330, com ocorrência de dois óbitos de crianças e nove casos com complicações.
O maior número de hospitalizações concentra-se na faixa etária de 1 a 4 anos de idade. Depois de mais de um mês do surto de catapora, já observa-se uma redução no número de notificações e, após 21 dias sem novos casos, considera-se o surto controlado, conforme informações da secretaria.
Contraindicações da vacina
Gestantes (mulheres em idade fértil devem evitar a gravidez durante 30 dias após administração);
Imunodeprimidos, exceto os casos previstos nas indicações acima (pacientes em uso de terapia imunossupressora só deverão fazer uso da vacina após 3 meses de suspensão da medicação);
Durante um mês após o uso de corticosteróides em dose imunodepressora (equivalente a 2mg/Kg/dia ou mais prednisona, durante 14 ou mais);
Reação anafilática à dose anterior da vacina ou a algum de seus componentes.
Sobre a imunização
De acordo com as orientações dos Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais (Crie), a vacina contra a varicela deve ser indicada nas seguintes situações especiais: pacientes imunocomprometidos (leucemia linfocítica aguda e tumores sólidos em remissão, pelo menos 12 meses), desde que apresentem resultado maior ou igual a 1.200 linfócitos/mm³, sem radioterapia; caso esteja em quimioterapia, suspendê-la por 7 dias antes e 7 dias depois da vacinação; pessoas suscetíveis à doença, candidatos a transplante de órgãos (fígado, rim, coração, pulmão e outros õrgãos sólidos), pelo menos 3 semanas antes do ato cirúrgico; profissionais de saúde, familiares suscetíveis à doença, imunocompetentes que estejam em convívio comunitário ou hospitalar com imunocomprometidos; suscetíveis à doença, imunocompetentes, no momento da internação em enfermaria onde haja caso de varicela; HIV positivos, assintomáticos ou oligossintomáticos.
Medidas de prevenção
Uma das formas mais eficientes de se prevenir a contaminação pela catapora é manter os cuidados básicos de higiene, especialmente manter as unhas bem aparadas e limpas, o que impede a contaminação das feridas.
Para evitar a manifestação e possíveis surtos da doença, outros fatores e medidas preventivas devem ser levados em conta, principalmente quando já houver ocorrência na localidade, seja em casa, no trabalho, na escola ou creche. São eles:
Vacine as crianças contra a catapora no primeiro ano de vida. Os adultos que não receberem a vacina quando crianças também devem ser vacinados;
Procure evitar contato direto com pessoas doentes;
Não coçar as lesões para evitar infecções por bactérias;
Lavar as mãos após tocar nas lesões, que são potencialmente infecciosas. O uso do álcool gel é aconselhável;
Não arranque as crostas que se formam quando as erupções regridem;
Mantenha o paciente em repouso enquanto houver febre;
Ofereça ao doente alimentos leves e muito líquido;
Isolamento ? pessoas diagnosticadas com varicela só devem retornar à escola ou trabalho depois que todas as lesões tenham evoluído para crostas. É muito importante que elas não fiquem expostas, sob nenhuma hipótese, em meio a aglomerações ou festas;
Pessoas imunodeprimidas, ou que apresentem curso clínico prolongado, só deverão retornar às atividades após término da erupção.
Distribuição da vacina
Embora a vacina contra a varicela não faça parte do calendário básico de vacinação brasileiro, a forma mais eficaz de evitar a doença é com vacinação, que pode ser tomada a partir do primeiro ano de vida, sendo igualmente recomendada para adultos que não tiveram a doença quando crianças.
Segundo a coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Tânia Brant, a introdução de alguma vacina no calendário de vacinação está condicionada a alguns fatores como: estudo epidemiológico da doença no país; ao custo benefício desta vacina e a disponibilidade da mesma no mercado mundial. Além disso, é feito um acordo de cooperação técnica entre o laboratório nacional que recebe a tecnologia de produção da vacina e o laboratório internacional que repassa esta tecnologia. Normalmente, durante algum tempo, o Brasil compra a vacina do laboratório internacional até o país ficar autossuficiente na produção da mesma.
A distribuição da vacina pelo Ministério da Saúde ocorre em algumas situações pré-determinadas e como forma de bloqueio de surtos, em ambiente hospitalar e controle em creches (públicas ou privadas) nas quais a incidência da doença é maior do que em crianças da população em geral.

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