O aumento na venda de medicamentos antidepressivos e estabilizadores do humor no Brasil foi de 44,8% em quatro anos, aponta levantamento realizado pela IMS Health, instituto de pesquisa que faz auditoria do mercado de medicamentos para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O levantamento constatou que o volume de vendas desses medicamentos cresceu de R$ 674,7 milhões para R$ 976,9 milhões se comparados os 12 meses acumulados até outubro de 2005 e o mesmo período de 2009. Os valores referentes a 2005 foram atualizados com base nos reajustes máximos permitidos pela Anvisa, que considera também a inflação do período.
Há pelo menos cinco anos, o mercado brasileiro de antidepressivos cresce acima da média mundial, segundo Marcello Monteiro, diretor da IMS Health de linhas de negócios para América Latina e responsável pelo levantamento. ?O Brasil faz parte de um grupo de países classificados como ?farmaemergentes?: Brasil, Rússia, Índia, Coréia, México e Turquia. Juntos, eles respondem por 50% do crescimento mundial do mercado de medicamentos? , afirma o executivo.
Constata-se que os transtornos mentais e comportamentais, como a depressão, são a terceira causa de afastamento do trabalho no Brasil, segundo dados da Previdência Social. Há uma série de doenças que a gente acha que são mais incapacitantes, mas o efeito da depressão sobre os brasileiros é muito grande, relata o psiquiatra Duílio Antero Camargo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e coordenador da comissão técnica de saúde mental da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anant).
Estímulo econômico e pressão profissional
Segundo o diretor da IMS Health Marcello Monteiro, boas notícias no Brasil como o crescimento da economia, o aumento de renda dos trabalhadores e o envelhecimento da população estão entre os principais fatores que favorecem o aumento das ocorrências de tratamento dos ?males urbanos? que, além de transtornos mentais e depressivos, incluem doenças como diabetes, hipertensão e obesidade.
Medicamentos chamados ?crônicos?, específicos para tratar os males característicos do século XXI, subiram no ranking e ocupam sete posições na lista dos dez medicamentos mais vendidos no Brasil até outubro de 2009, dominado antigamente por analgésicos e antibióticos.
Para o psiquiatra Duílio Antero Camargo, elementos presentes nas relações de trabalho contemporâneas como concorrência, acúmulo de tarefas, falta de apoio social e desemprego aumentam a incidência de transtornos mentais entre os brasileiros. ?Com as mudanças hoje em dia da organização do trabalho, muitas das causas da depressão estão ligadas aos relacionamentos diante do trabalho, como o estresse ocupacional ou relacionado ao mercado, desemprego e o mundo organizacional? , conclui o psiquiatra.

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