O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, apelidado pelo povo mineiro pela forma carinhosa de “Zé Maria”, filiado ao Partido Novo, exerce o primeiro mandato eleitoral em sua vida e recebeu o cargo às voltas com uma das maiores crises financeiras estaduais, com déficit público, atrasos nos pagamentos de servidores e fornecedores, etc.

De imediato “Zé Maria” descomissionou cerca de 6.000 comissionados e, logo após, avaliou, caso a caso, e manteve apenas os cargos necessários para o funcionamento da máquina pública.

Antes de completar o primeiro mês do mandato, o Estado foi acometido com o rompimento da barragem em Brumadinho, com centenas de vítimas.

A Vale, logo após, apresentou plano de desativar dez barragens de rejeitos construídas pelo método a montante e, para isto, será necessário paralisar as minas de minério de ferro em Minas Gerais por até três anos. O governador e os prefeitos reclamaram das consequências fiscais da medida, devido a queda da arrecadação de impostos, sendo estimado que o Estado perderia 30% da sua arrecadação.

O rompimento da barragem de Brumadinho também levou as empresas elaboradoras de laudo de barragens a fazer uma avaliação mais segura e restritiva, causando a interrupção de funcionamento de diversas barragens em Minas Gerais (Itatiaiuçu, pela mineradora Arcelor Mital; Barão de Cocais e Nova Lima, pela Vale) e também o acionamento das medidas de emergência e evacuação dos moradores e bloqueio dos acessos da região do raio de ação em um eventual rompimento.

O governador veio a público reclamar da paralisação das atividades e das evacuações e considerou terem sido “além do recomendável”, discurso com viés de um empresário preocupado com as repercussões financeiras para o Estado.

Acontece “Zé Maria”, que ser governador é mais do que ser empresário, envolve o cuidar com as pessoas e também se tem de conciliar os interesses de todos os envolvidos. Melhor seria, “Zé Maria”, terem sido adotadas negociações com as mineradoras do Estado para evitar perda da arrecadação de impostos prevista para cada barragem e, se não fosse resolvido amigavelmente, usar do seu staff  jurídico para fazer as medidas judiciais para proteger a arrecadação estadual.

Também o Governador alegou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no dia 2 de fevereiro, estar sendo perseguido pelo Jornal O Tempo, com a divulgação de ele estar tentando obstruir a instauração de uma CPI sobre o rompimento da barragem de Brumadinho, mas em nenhum momento manifestou apoio irrestrito à instalação da dita CPI. É bom lembrar ao senhor governador serem os meios de comunicação essenciais em uma democracia, agindo para publicizar os fatos e a atuação dos diversos organismos, públicos e privados, e também têm o direito constitucional da livre expressão de opinião, como todo cidadão brasileiro, inclusive o senhor governador.

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