O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), comparou pessoas em situação de rua a carros estacionados de forma irregular. Em entrevista à Jovem Pan, ele demonstrou ser favorável à criação de uma lei no Brasil que trate esses casos de maneira semelhante à remoção de veículos em locais proibidos.
“Temos lá moradores de ruas ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição. E não temos hoje nada no Brasil que é efetivo. É um problema em São Paulo, Belo Horizonte e em outras cidades”, afirmou o governador, ao ser questionado sobre a segurança pública no estado e a existência de uma suposta Cracolândia em Belo Horizonte.
Esta é a segunda declaração polêmica do governador na semana. Ao ser entrevistado pelo jornal Folha de S.Paulo, Zema relativizou o regime militar no Brasil (1964–1985) e declarou que, se eleito presidente, concederá indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele seja condenado por tentativa de golpe.
“Eu prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas. E houve terroristas naquela época? Houve também. Então fica aí. Acho que os historiadores é que têm de debater isso. Eu preciso me preocupar, hoje, com Minas Gerais”.
Viagem a El Salvador
Zema retornou recentemente de uma viagem a El Salvador, país que, apesar de ter uma das maiores taxas de violência do mundo, conseguiu reduzir os homicídios após o presidente Nayib Bukele implementar prisões em massa como política de segurança. A estratégia é criticada por organismos internacionais, que a classificam como violadora dos direitos humanos.
Na entrevista à Jovem Pan, o governador elogiou as medidas adotadas pelo governo salvadorenho e defendeu a aplicação de estratégias semelhantes no Brasil, sugerindo até o uso das Forças Armadas para o enfrentamento do crime nas ruas.
“O que eles fizeram lá é o que o Brasil tinha que fazer. Eles enquadraram organizações e facções criminosas como organizações terroristas. E aí prender todos. Além disso, com essa decretação Polícia Federal, Exército, teriam necessariamente de estar envolvido combatendo”, disse Zema.
Apesar do discurso rígido na área de segurança, os indicadores do setor em Minas têm piorado durante a gestão de Zema. Segundo dados do Atlas da Violência divulgados no mês passado, a taxa de homicídios no estado subiu 3,2% em 2023 em comparação a 2022. No cenário nacional, houve queda de 2,3% no mesmo período.
O governo mineiro também cortou R$ 1 bilhão em despesas, o que afetou diretamente a segurança pública. A Polícia Civil passou a racionar combustível das viaturas, e a Polícia Militar suspendeu tanto o treinamento básico quanto as diligências administrativas.
Fonte: Bruno Favarine/Itatiaia