Levar o celular para o banheiro pode parecer inofensivo, mas um novo estudo revela que esse hábito pode aumentar em até 46% o risco de desenvolver hemorroidas. A pesquisa, conduzida por cientistas do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC), nos Estados Unidos, foi publicada na última quarta-feira (3) na revista científica PLOS One e fornece evidências científicas para uma suspeita antiga de especialistas.
A principal conclusão do estudo é que o uso do smartphone no banheiro prolonga o tempo que as pessoas passam sentadas no vaso sanitário, o que aumenta a pressão nas veias ao redor do reto e do ânus. Essa pressão pode resultar em inchaço, dor, coceira e até sangramento — sintomas característicos das hemorroidas.
Os pesquisadores analisaram dados de 125 adultos, dos quais 66% afirmaram usar o celular enquanto estão no banheiro. A análise estatística mostrou uma correlação significativa entre o hábito e o risco elevado de hemorroidas, mesmo após ajustes para fatores como idade, dieta e esforço para evacuar.
O dado mais marcante foi a diferença no tempo de permanência: 37,3% dos usuários de celular permanecem mais de cinco minutos sentados, enquanto apenas 7,1% dos que não utilizam o aparelho ultrapassam esse tempo. As atividades mais citadas durante o uso do celular no banheiro foram ler notícias (54,3%) e navegar em redes sociais (44,4%).
Segundo os especialistas, o tempo prolongado na posição sentada é prejudicial, independentemente de haver esforço para evacuar. Isso ocorre porque o vaso sanitário posiciona o reto abaixo do nível do quadril, dificultando o fluxo sanguíneo e favorecendo a dilatação das veias. O smartphone, nesse contexto, funciona como um estímulo para que o usuário permaneça mais tempo nessa posição desfavorável.
Curiosamente, apenas 35% dos participantes que usavam o celular reconheceram que o aparelho prolongava sua permanência no banheiro, revelando uma percepção distorcida do próprio comportamento.
Além do uso do celular, o estudo reforça outros fatores de risco já conhecidos para o desenvolvimento de hemorroidas, como dieta pobre em fibras, constipação crônica, gravidez, obesidade e sedentarismo.
As hemorroidas representam um problema de saúde comum e oneroso. Só nos Estados Unidos, elas são o terceiro diagnóstico gastrointestinal mais frequente em atendimentos ambulatoriais, gerando cerca de 4 milhões de consultas por ano e mais de US$ 800 milhões em custos médicos anuais. O número de pessoas que busca tratamento para hemorroidas é maior do que o de pacientes com câncer de cólon ou síndrome do intestino irritável, o que evidencia a importância de conscientizar a população sobre os fatores de risco — inclusive os mais modernos, como o uso do celular no banheiro.
Com informações do O Tempo Saúde e Bem Estar