A incursão de drones russos no espaço aéreo da Polônia na madrugada desta quarta-feira (10) provocou forte reação do governo polonês e acendeu um alerta entre os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Para o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, o episódio representa o momento mais próximo de um conflito aberto envolvendo a Polônia desde a Segunda Guerra Mundial.
“Não tenho motivos para afirmar que estamos à beira da guerra, mas uma linha foi cruzada, e é incomparavelmente mais perigoso do que antes”, afirmou Tusk em pronunciamento no Parlamento polonês. “Essa situação nos deixa mais perto do conflito aberto desde a 2ª Guerra Mundial”, reforçou.
Drones russos foram abatidos com apoio da Otan
Segundo o governo polonês, ao menos 19 violações do espaço aéreo nacional foram identificadas e rastreadas durante a madrugada. Mais de 10 “objetos hostis” foram detectados, e três drones foram abatidos. O ataque ocorreu durante uma ofensiva russa contra a Ucrânia, que acabou por invadir também os céus da Polônia, país-membro da Otan.
“Dezenove violações do espaço aéreo foram identificadas e rastreadas com precisão… no momento temos a confirmação de que três drones foram abatidos”, declarou Tusk, acrescentando que o número ainda é provisório. Ele também informou que os drones foram derrubados e não causaram vítimas.
A porta-voz da Otan, Allison Hart, confirmou a atuação conjunta das forças de defesa: “Muitos drones entraram no espaço aéreo polonês durante a noite e encontraram as defesas aéreas polonesas e da Otan”, publicou em sua conta no X (antigo Twitter). A Holanda, também integrante da aliança, enviou caças F-35 para apoiar a Polônia na interceptação dos drones.
Diante da gravidade do incidente, Varsóvia solicitou formalmente a ativação do artigo 4 do tratado da Otan, que prevê consultas entre os países membros sempre que a “integridade territorial, a independência política ou a segurança” de um Estado integrante estiver ameaçada.
Moscou nega intenção de atingir a Polônia
Em resposta às acusações, o Ministério da Defesa da Rússia negou qualquer intenção de atingir alvos poloneses e afirmou que os drones usados na operação contra a Ucrânia têm alcance máximo de 700 km. “Apesar disso, estamos prontos para realizar consultas com o Ministério da Defesa polonês sobre o assunto”, declarou a pasta.
Já o governo russo evitou se pronunciar diretamente sobre o ocorrido. “Preferimos não comentar, não está dentro de nossa competência, é prerrogativa do Ministério da Defesa”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Cresce a tensão militar no leste europeu
O episódio desta quarta-feira amplia a preocupação internacional com a escalada do conflito na região e reforça os temores de que a guerra na Ucrânia possa ultrapassar fronteiras e envolver diretamente países da Otan. O pedido polonês de ativação do artigo 4 representa um passo diplomático importante e poderá influenciar os próximos desdobramentos militares e políticos na Europa.
Enquanto isso, as autoridades polonesas seguem em estado de alerta máximo, acompanhando de perto a movimentação aérea na fronteira com a Ucrânia e reforçando as defesas do país em colaboração com seus aliados ocidentais.
Com informações do Itatiaia