O padre Márlon Múcio, de 52 anos, natural de Carmo da Mata, em Minas Gerais, recebeu alta hospitalar nessa segunda-feira (22), após passar oito dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em São José dos Campos, no interior de São Paulo. O religioso, que convive com uma doença raríssima chamada Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD), havia sido internado no dia 15 de setembro, poucos dias após ter deixado a UTI.
Nas redes sociais, o padre celebrou a recuperação com uma mensagem de fé: “Tive alta hospitalar. Deus me ama, Deus fala comigo.”
Antes disso, Márlon já havia sido internado entre os dias 1º e 11 de setembro, em razão de fortes dores causadas por uma dobra na parede direita da traqueia, que dificultava sua respiração. Em maio, ele também passou 16 dias hospitalizado devido a complicações da mesma doença rara.
Uma vida marcada pela RTD
Desde a infância, o padre enfrentou sintomas da condição sem diagnóstico preciso. Aos sete anos, perdeu a audição, passando por uma cirurgia corretiva. Aos 14, começou a sentir dificuldades para mastigar. O diagnóstico definitivo da RTD só veio aos 45 anos, já após o início de sua vida religiosa. Até então, ele e sua família haviam buscado tratamentos para doenças equivocadas.
A partir de 2010, seu estado de saúde se agravou, e ele passou a depender de um respirador 24 horas por dia, usado para aliviar crises de falta de ar e fadiga. Atualmente, o tratamento exige que ele tome 315 comprimidos diariamente para controle dos sintomas.
A trajetória do padre inspirou o filme “Milagre Vivo”, que retrata sua luta contra a doença. Na produção, ele relata o uso de 281 comprimidos por dia. A diferença na contagem pode estar ligada a fases distintas do tratamento. Em decorrência de sua experiência pessoal, fundou em Taubaté (SP) um hospital voltado ao atendimento de pessoas com doenças raras.
A doença rara
A Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD) é uma condição genética, progressiva e extremamente rara. Estima-se que afete cerca de 15 pessoas no Brasil e aproximadamente 350 em todo o mundo. A doença compromete os neurônios motores e sensoriais, resultando em sintomas como fraqueza muscular, dificuldade para enxergar, ouvir e engolir, além de insuficiência respiratória.
A causa está na ausência de uma proteína responsável por transportar a riboflavina (vitamina B2) para dentro das células. Esse nutriente é essencial para o metabolismo e a função celular adequada.
A alta médica de padre Márlon representa mais um capítulo em sua longa e difícil jornada contra a RTD. Com fé, perseverança e cuidados rigorosos, ele segue enfrentando uma das doenças mais raras do mundo, enquanto também se dedica a ajudar outras pessoas que vivem com condições semelhantes.
Com informações do O TEMPO