Neste sábado (27), a Santa Casa de Formiga se une às celebrações do Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma data importante para conscientizar a população sobre a relevância da doação e seu impacto positivo na vida de quem necessita de um transplante. A instituição celebra seu certificado como unidade notificadora de captação de órgãos e tecidos, reafirmando o compromisso com a manutenção da vida, possibilitando novas chances de tratamento para diversos pacientes.

O certificado da MG Transplante, a Central Estadual de Transplantes, ocorreu no dia 12 de agosto do ano passado e permitiu ao hospital a implementação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). Essa comissão multiprofissional é responsável pela organização e execução dos processos de doação de órgãos, garantindo a identificação de potenciais doadores, o acolhimento das famílias e a realização dos protocolos necessários para que o doador possa efetivamente ajudar a salvar outras vidas.

Como unidade notificadora, o hospital tem a responsabilidade de identificar e notificar o sistema de transplantes sobre potenciais doadores, seguindo protocolos específicos para garantir a viabilidade do processo de doação, captação e transporte dos órgãos. “Trabalhamos em conjunto com o sistema estadual de transplantes para garantir que as doações sejam encaminhas a pacientes que aguardam na fila de espera”, declara o coordenador do serviço de controle de infecção hospital/CIHDOTT, Leonardo de Castro Santos.

Muito antes de receber o certificado oficial, o hospital já havia demonstrado seu compromisso com a doação de órgãos com a realização de quatro procedimentos: o primeiro ocorreu em junho de 2020 quando a família de uma jovem, de 22 anos, que teve morte encefálica confirmada optou pela doação. Duas equipes médicas, composta por sete profissionais, do Hospital Felício Rocho e do Hospital das Clínicas, de Belo Horizonte, foram responsáveis por captar os órgãos e destiná-los para doação. Os órgãos doados foram os rins, pâncreas e fígado.

A segunda captação foi realizada em julho do mesmo ano quando a família de uma mulher, de 45 anos, optou pela doação e foram retirados o coração e os rins. As outras duas captações ocorreram em setembro de 2021 e fevereiro de 2023. Em todos os casos, como de praxe, as famílias não foram informadas sobre as pessoas que receberam os órgãos.

Aprimoramento do serviço

Em março deste ano, a equipe externa de retirada de tecidos oculares da SCCF participou de uma capacitação com foco no protocolo de captação de córneas. Intitulado “Capacitação em doação de córnea: da identificação do potencial doador à enucleação”, o curso visou preparar profissionais de saúde de diferentes áreas (médicos, enfermeiros, psicólogos e bioquímicos) para atuarem com eficiência no processo de doação e transplante de tecidos oculares.

Ministrada pela MG Transplante em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), a capacitação garantiu o certificado, autorização e atuação da equipe técnica de captação de córnea da Santa Casa. “Com essa qualificação fortalecemos nossa atuação na área de transplantes e contribuímos para a redução da fila de espera por córneas”, ressalta Leonardo.

De acordo com o coordenador do CIHDOTT, o hospital está se preparando para realizar a captação e em breve iniciará as enucleações de córneas.

Cenário Estadual

Minas Gerais deve registrar, em 2025, um novo recorde no número de transplantes. Apenas no primeiro semestre, o Estado já superou em 8% os índices do mesmo período do ano passado, que havia sido um dos melhores desde a pandemia. A expectativa projetada pelo MG Transplantes é encerrar o ano com mais de dois mil procedimentos.

De acordo com a Agência Minas, cerca de 4,1 mil pessoas aguardam por um órgão no Estado e mais de 4,4 mil esperam por uma córnea. Para melhorar esse quadro, o MG Transplantes tem atuado em múltiplas frentes, como campanhas de sensibilização, capacitação de profissionais de saúde, tanto no diagnóstico da morte encefálica quanto na abordagem humanizada às famílias de possíveis doadores, e parcerias com consórcios de saúde para viabilizar a realização de exames complementares em locais onde esses recursos não estão disponíveis.

O grande desafio para o aumento da doação de órgãos em Minas ainda é a recusa familiar. Atualmente, aproximadamente 45% das famílias não autorizam o procedimento. Por isso, campanhas como o Setembro Verde são fundamentais para esclarecer a população sobre a importância da doação.

Setembro Verde

O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do

mundo, garantindo a toda a população por meio do SUS, responsável por financiar cerca de 86% dos procedimentos. Mesmo com esse grande volume de transplantes, o número de pessoas em lista de espera ainda representa um desafio.  Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), cerca de 78 mil pessoas aguardam por um transplante no país, sendo os mais demandados o rim (42.838), a córnea (32.349) e o fígado (2.387). Em 2024, os órgãos mais transplantados foram a córnea (17.107), o rim (6.320), a medula óssea (3.743) e o fígado (2.454).

A Campanha Setembro Verde e a celebração do Dia Nacional da Doação de Órgãos, em 27 de setembro, foram criadas com o objetivo de estimular a sociedade sobre a importância da doação. Conforme a ABTO, o maior obstáculo para doação tem sido a recusa por parte das famílias, por isso, se a pessoa quer ser uma doadora de órgãos, comunique aos seus familiares e deixe claro que eles devem autorizar o procedimento de doação.

A conscientização sobre a doação de órgãos é fundamental para aumentar o número de doadores e salvar mais vidas. A Santa Casa aproveita essa data para reforçar a importância da doação e incentivar a população a se tornar doadora’’, afirma o coordenador do CIHDOTT.

Doação de órgãos é a segunda chance de vida de alguém

A doação de órgãos é um ato de amor e solidariedade que pode salvar até 8 vidas com um único doador. Além dos órgãos, também podem ser doados tecidos, como córnea, pele, ossos e valvas cardíacas.

O processo para doação de órgãos é realizado quando ocorre a confirmação da morte encefálica do paciente. A equipe médica se encarrega de comunicar aos familiares sobre o quadro clínico, fornecendo orientações e esclarecendo todas dúvidas da família sobre o procedimento.

Por mais que o paciente tenha deixado claro sua vontade em relação ao seu último desejo em ser doador, apenas os familiares possuem o direito de autorizar a retirada dos órgãos para doação. Por isso, se a pessoa quer ser uma doadora de órgãos, comunique aos seus familiares e deixe claro que eles devem autorizar o procedimento de doação. Um gesto que pode salvar vidas.

Ascom Santa Casa de Caridade de Formiga

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