O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), fez um alerta contundente nesta segunda-feira (6) sobre o risco fiscal enfrentado pelo Brasil. Durante comentários após palestra do atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, no ciclo de debates “O Brasil na visão das lideranças públicas”, promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, Fraga afirmou que a situação fiscal do país é grave e pode desencadear uma crise de grandes proporções.
Segundo Armínio Fraga, o Brasil enfrenta “um risco enorme” no campo fiscal, reflexo do desequilíbrio entre gastos e receitas do governo federal. Ele classificou a atual política fiscal como “suicida” e foi enfático: “Se não houver correção de rumo, viveremos uma crise de grandes proporções.”
Durante sua fala, Fraga relembrou o momento em que assumiu a presidência do Banco Central, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. “O que fez a diferença nas conversas foi a confiança que o presidente me passou em relação à política fiscal”, disse. “Havia um compromisso de fazer um ajuste fiscal de 4 pontos do PIB (Produto Interno Bruto). E foi feito.” Segundo ele, o cenário atual é bem diferente: “Hoje, vejo uma situação diferente que é preocupante.”
Fraga também destacou o uso crescente da expressão “dominância fiscal” por economistas. O termo se refere a situações em que a política fiscal descontrolada — com altos déficits e dívidas — impede a política monetária de conter a inflação, mesmo com o aumento da taxa de juros. “Muita gente começa a usar termos como dominância fiscal”, observou.
Outro ponto crítico citado por Fraga é o nível elevado dos juros no Brasil. Ele lembrou que os juros reais estão em 10% ao ano (com taxa nominal de 15%), enquanto a economia apresenta ganhos de produtividade “incrivelmente modestos” e baixos níveis de investimento. Para o economista, esse cenário agrava o risco fiscal. “O tema fiscal é de longe o mais importante e as taxas de juros são um sintoma inequívoco” do problema, afirmou. Ele ainda acrescentou que “essas isenções todas” contribuem para a elevação das taxas de juros, o que, segundo ele, acaba sendo custeado pelo Tesouro.
As declarações de Armínio Fraga reforçam a preocupação com o atual cenário fiscal brasileiro e a necessidade urgente de ajustes nas contas públicas. Para o ex-presidente do Banco Central, a política fiscal precisa ser revista para evitar uma crise econômica mais profunda, cujos efeitos podem comprometer a estabilidade monetária e a confiança dos investidores no país.
Com informações do Metrópoles